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SARCOIDOSE CARDÍACA: UMA CAUSA RARA DE BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR TOTAL EM JOVENS. RELATO DE CASO.

Henrique Zanqueta Monteiro, Almir Alamino Lacalle, Paulo Henrique Munute Polegato, Ricardo Quintanilha Hungaro, Pedro Victor Silva Valente, João Paulo Chaves de Melo, Maria Fernanda Braggion Santos, Maria Licia Ribeiro Cury Pavão, Elerson Arfelli, André Schmidt
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETO - - - BRASIL

Caso: Homem, 42 anos, hipertenso, dislipidêmico e diabético queixa-se de palpitações, fadiga e tontura há 5 meses. Sem febre ou perda de peso. Ao exame físico, PA = 130/80 mmHg, bulhas rítmicas e normofonéticas e sem sopros audíveis. Três linfonodos palpáveis em cadeia inguinal direita. ECG com bloqueio atrioventricular total (BAVT), FC = 53 bpm. Eletrocardiografia (ECG) à admissão:

Epidemiologia negativa para Chagas ou uso de cronotrópicos negativos. Angiotomografia coronariana sem coronariopatia obstrutiva, linfonodopatia mediastinal e hilar simétrica associada a nódulos perilinfáticos esparsos bilaterais. Ecocardiograma transtorácico (ECO) sem anormalidades e com fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 61%. Ressonância magnética cardíaca (RMC) com hipersinal na sequência STIR compatível com edema miocárdico (setas amarelas) e realce tardio patológico sub-epicárdico (setas vermelhas) nos segmentos ântero-septal e ínfero-septal médios do ventrículo esquerdo, além de acometimento do ventrículo direito, compatível com sarcoidose cardíaca (SC).

Biópsia de linfonodo inguinal demonstrou linfadenite granulomatosa não caseosa sugestiva de sarcoidose. Tendo em vista necessidade de implante de marcapasso definitivo, optado por implante de cardiodesfibrilador e iniciada terapia imunossupressora (prednisona e metotrexato).

Discussão: O diagnóstico da SC é desafiador pelas baixas prevalência e especificidade de sintomas cardiovasculares. Os bloqueios atrioventriculares são a forma mais comum das apresentações arrítmicas, e o BAVT o mais frequente nos indivíduos com menos de 60 anos. O ECO apresenta baixa sensibilidade e a RMC é o exame de escolha por apresentar alto valor preditivo negativo. A presença de realce tardio em ventrículo esquerdo, septo interventricular e ventrículo direito sugere SC. Além disso, a RMC tem papel preditor para eventos arrítmicos e morte cardiovascular. A biópsia é fundamental no diagnóstico da SC, podendo ser extracardíaca ou endomiocárdica. O tratamento da SC tem base imunossupressora, usualmente com prednisona. Caracteriza-se como apropriado o implante de cardiodesfibrilador para prevenção secundária quando houver indicação de marcapasso definitivo.

Conclusão: A SC trata-se de entidade cardiovascular desafiadora, frequentemente com apresentação clínica inicial grave em suas formas arrítmicas. Anamnese e exame físico são essenciais na condução diagnóstica em busca de possíveis locais para biópsia e confirmação histológica extracardíaca.

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