Introdução: Linfoma de células do manto são neoplasias linfoides e representam cerca de 6% dos linfomas não-Hodgkin (LNHs). Acometem mais homens entre 50 e 60 anos, cuja apresentação se caracteriza por linfadenomegalia generalizada, esplenomegalia e infiltração de medula óssea.. Descrição do caso: Masculino, 57 anos, previamente hígido, teve diagnóstico de LNHs-Manto.Apresentou-se em ritmo sinusal e com fração de ejeção preservada (FE: 62%) previamente ao tratamento. Submetido ao esquema R-CHOP (Rituximabe, Ciclofosfamida, Doxorrubicina, Vincristina e Prednisona). Durante a infusão apresentou aumento de níveis pressóricos e foi iniciado Losartana. Posteriormente, houve queda de 12% na FEVE, tendo sido associado B-bloqueador. Manteve-se classe funcional NYHA II. Oito semanas após, ECOTT evidenciou recuperação da FEVE e remissão completa da doença neoplásica. Em 2020, houve recidiva da doença, e foi realizado esquema R-CHOP, sem sucesso. Então, iniciado esquema R-ICE (Rituximabe, Ifosfamida, Carboplatina, Etoposideo), intercorrendo com picos hipertensivos e congestão sistêmica. Otimizado dose Losartana e diurético venoso, com boa resposta. Em 2021, câncer em progressão, realizados dois ciclos de QT:HYPER-CVAD (Ciclofosfamida, Vincristina, Doxorrubicina, Dexametasona), com boa resposta clínica. Alta hospitalar com uso de Ibrutinibe oral. Após 2 meses, apresentou neutropenia febril, com necessidade de hemotransfusões e suspensão de medicações cardiovasculares até estabilização clínica. Novo ECOTT mostrou FEVE 57%, reiniciado losartana e b-bloqueador, com boa tolerância. Atualmente encontra-se ambulatorialmente, em classe funcional NYHA II, sob reabilitação cardiopulmonar e em preparo para transplante de medula óssea.
Discussão e Conclusões: Em vários momentos do caso, houve intervenção do cardiologista: (a) medicação para controle pressórico adequado durante infusão da QT; (b) início de tratamento para insuficiência cardíaca diante queda da FEVE; (c) instituição de suporte com diurético durante congestão; e (d) estratégias para redução de fatores de risco cardiovasculares. Isso demonstra a necessidade do cuidado integrado e sistematizado entre as equipes multidisciplinares para estabilização clínica em suas diversas vertentes e propiciar ao paciente melhor qualidade de vida.