Paciente A.A.M, 54 anos, diagnosticado com infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IAMCST), feito trombolítico na origem, da entrada no hospital de referência após 24h. No exame físico inicial: REG, afebril, acianótico.PA:120X 90mmHg, FC 88bpm, FR 26rpm, Sat 96% ar ambiente, bulhas cardíacas normofonetica em 2T sem sopro, sem sinais de insuficiência cardíaca. Com histórico de diabetes mellitus e ex-tabagista. Foi programado intervenção coronariana percutânea (ICP) com urgência.
Resultados de exames antes do CATE: Eletrocardiograma (ECG) identificou o infarto do miocárdio com elevação do segmento ST afetando parede anterior extensa. Os achados laboratório mostraram elevação de enzimas cardíacas. Achados relevantes do CATE mostrando suboclusão segmentar de ramo DA proximal (figura 1), ateromatose difusa leve nos demais segmentos coronários. Disfunção sistólica segmentar moderada/severa de VE. necessitando de angioplastia no ato, realizado com sucesso e retorno do fluxo (figura 2).
Após 24horas do procedimento, evolui com dor torácica ventilatório dependente. Realizado novo CATE com resultado da angioplastia mantido. Novo ECG mostrando elevação do segmento ST em todas as derivações, e infra desnível difuso do intervalo P-R (figura 3). Realizado ecocardiograma evidenciando derrame pericárdio leve com predomínio na região do ventrículo direito (figura 4), acinesia de todo ápice do ventrículo esquerdo (VE), fração de ejeção (Teicholz) 49%. O paciente foi diagnosticado com pericardite aguda precoce (Pericardite Epistenocardica) que ocorre até 6 dias do infarto do miocárdio. Paciente recebeu Aspirina , colchicina e medicamentos padrão para infarto agudo do miocárdio.
Pericardite epistenocárdica, causada por exsudação direta, inicialmente se manifesta com dor e atrito pericárdico, ocorre em 5-20% dos infartos transmurais do miocárdio, mas é clinicamente descoberto raramente Os infartos transmural resultam de necrose transmural com inflamação afetando o pericárdio visceral e parietal adjacente Sua incidência é de 0,5–5% e ainda é menor em pacientes tratados com trombolitico (<0,5%)
Conclusão:
Este relato de caso mostrou paciente com dor típica, diagnosticado com IAM de parede anterior extensa, feito trombólise com permanência da dor, realizado CATE de urgência com necessidade de angioplastia de DA. Após 24horas, evoluiu com piora da dor, ventilatório dependente. Novo ECG mostrando elevação do segmento ST em todas as derivações, e infra desnível difuso do intervalo P-R, sendo diagnostico pericardite aguda precoce.