INTRODUÇÃO
Embora o envolvimento cardíaco secundário ao linfoma não-Hodgkin possa estar presente em até 20% dos casos de necropsia, sua apresentação clínica é heterogênea. Nesse cenário a caracterização precisa e oportuna da infiltração miocárdica ainda é desafiadora e aquém do ideal. Apresentamos aqui o caso de uma paciente jovem, do sexo feminino, encaminhada para avaliação de uma massa mediastinal recém-diagnosticada que se revelou um linfoma difuso de grandes células B de crescimento rápido e agressivo com infiltração miocárdica mediastinal envolvendo o tronco pulmonar e as artérias coronárias, algo pouco documentado na literatura.
DISCUSSÃO
Os linfomas não Hodgkin (LNH) compreendem um grande grupo de neoplasias hematológicas derivadas de células B, células T ou células natural killer. A apresentação clínica dos linfomas varia de acordo com seu tipo e local de acometimento. Basicamente, esses tipos de linfomas se dividem em duas categorias: agressivos e indolentes. Um dos LNH com comportamento agressivo é o subtipo de grandes células B. Embora o linfoma represente menos de 1% de todos os tumores cardíacos, as infiltrações metastáticas podem ocorrer por contiguidade, disseminação linfática retrógrada ou disseminação hematogênica. Nosso caso é interessante porque ilustra que uma abordagem diagnóstica multimodal forneceu informações anatômicas, morfológicas e funcionais do coração e das estruturas adjacentes infiltradas pelo linfoma de grandes células B.
Nesse cenário, o ecocardiograma, muitas vezes mostra uma massa cardíaca e, em alguns casos, derrame pericárdico; embora a C cardíaca e a ressonância magnética cardíaca (RMC) possam ser mais precisas para fins de estadiamento. A RMC tem desempenhado um papel fundamental na avaliação não invasiva dos casos com suspeita de envolvimento cardíaco metastático. Isso ocorre porque ele pode fornecer informações precisas sobre localização, extensão para estruturas vizinhas, caracterização de tecidos e padrões específicos de cicatrizes por imagem com realce tardio.
CONCLUSÃO
Embora o linfoma grande de células B seja uma entidade com acometimento cardíaco raro, deve sempre ser considerado no diagnóstico diferencial de massas mediastinais, por ser uma doença agressiva e de rápida evolução clínica. Nosso caso também destaca a importância da avaliação por ressonância magnética, pois demonstrou a real extensão da patologia e aponta a importância do estudo anatomopatológico que comprovou, ainda que tardiamente, o prognóstico reservado da doença.
Figura 1
Figura 2
Figura 3