Introdução:O miocárdio hibernante é uma condição no qual as células musculares estão desdiferenciadas devido à hipoperfusão crônica com consequente déficit contrátil e potencial de recuperação funcional após intervenção percutânea ou cirúrgica.Fisiopatologia ainda não está completamente elucidada, porém sabe-se que há uma adaptação tanto de uma reserva de fluxo inadequada como de fluxo sanguíneo coronariano reduzido no repouso. Objetivo: Relato de paciente com miocárdio hibernante e enfatizar a importância dessa condição.Relato de caso:Paciente masculino, 71 anos, hipertenso, doença renal crônica não dialítica e infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento de ST de parede inferior não trombolisado sem reperfusão miocárdica. Admitido com quadro de há 6 meses com dispnéia progressiva aos esforços e aos mínimos esforços associada à ortopnéia, dispnéia paroxística noturna e edema de membros inferiores. Eletrocardiograma em ritmo sinusal e inatividade elétrica em DII, DIII e aVF. Iniciado tratamento clínico otimizado para insuficiência cardíaca. Ecocardiograma com fração de ejeção de 26% (Simpson), acinesia inferolateral, inferior, septal inferior e hipocinesia dos demais segmentos. Ventrículo direito com função reduzida. Cineangiocoronariografia mostrou tronco de coronária esquerda com 80% de estenose distal, descendente anterior estenose segmentar que inicia do ostio e terço proximal oclusão de 90%, apresenta ainda estenose de 70% no terço médio-distal, primeiro ramo diagonal ocluído no óstio, circunflexa subocluida no terço médio com fluxo TIMI 2, coronária direita com estenose de 90% no terço distal e descendente posterior com estenose de 90% no óstio. Realizada cirurgia de revascularização miocárdica (mamária esquerda – descendente anterior, mamária direita-marginal e ponte de safena – descendente posterior). Recebeu alta hospitalar e encontra-se assintomático. Ressonância magnética cardíaca realizada no seguimento de 5 meses evidenciou melhora da função ventricular. Já iniciando recuperação do miocárdio que se encontrava hibernado, com melhora evolutiva da fração de ejeção para 38% e presença de realce tardio transmural (acometendo aproximadamente 50% da espessura da parede) em segmento médio das paredes inferosseptal, lateral e segmento apical das paredes septal, inferior e ápex. Presença de realce não transmural (<50% da espessura) em segmento basal da parede inferolateral.Conclusão: Esse relato de caso ilustra a importância do diagnóstico de miocárdio hibernante como causa reversível de disfunção miocárdica na insuficiência cardíaca isquêmica.