A pancreatite aguda (PA) possui diversas etiologias, sendo a medicamentosa responsável por 2% dos casos. Os diuréticos inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECAs) estão incluídos nas ocorrências de PA medicamentosa. O objetivo é relatar um caso de PA medicamentosa após o uso do Acertil (perindopril), diurético da classe iECAs. Paciente, feminina, 57 anos, no dia 12/02/2019 relata em consulta sensação de tontura acompanhada de tinnitus pulsátil e dispneia. Informa uso prévio de Losartana. Foi prescrito Acertil 5 mg para controle da hipertensão arterial e Betastina para vertigem. Ao retorno, o laboratório mostrou hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia, sendo orientada dieta e mantido o Acertil. Em 01/08/2019, foi internada com quadro clínico típico de PA e com critério laboratorial. No dia 21/02/2020 informa recorrência do quadro e internação. Após alta, a colangioressonância e ecoendoscopia descartaram sinais precoces de pancreatite crônica e alterações anatômicas do ducto pancreático. Como diagnóstico de exclusão, foi sugerido PA de etiologia medicamentosa, sendo o Acertil o mais provável. O iECA foi suspenso e a paciente não fez novos episódios de PA, o que corroborou com diagnóstico. Além do diagnóstico por exclusão, observou-se uma resposta de melhora à retirada do fármaco. Há relação dos dados na literatura com o caso em questão pois, após 5 meses do início do Acertil, paciente apresentou sintomas sugestivos de PA e boa resposta na suspensão. Na revisão feita por Badalov, 17 estudos foram relacionados aos iECAs, e existem relatos brasileiros que demonstram a influência do Acertil. Acredita-se que a degradação de bradicinina pela enzima conversora de angiotensina cause uma reação de angioedema do ducto pancreático. O conhecimento sobre a etiologia medicamentosa deve-se principalmente a relatos de casos, que tem aumentado. Torna-se evidente a importância de estabelecer a relação entre a PA e as medicações para o diagnóstico precoce e sua prevenção.