INTRODUÇÃOTrombo primário de Aorta é raro, incidência de 0.45% em aortas sem lesões. Apresenta-se por embolizações com alta taxa de mortalidade. Sua correlação com a COVID-19 foi descrita em 6 casos na literatura e em 3 casos em nosso serviço.MÉTODO Caso1: homem, 57 anos, ex-tabagista, portador de DM2. Diagnosticado com trombo em aorta ascendente, recebeu anticoagulação (ACO) plena e após 13 dias apresentou resolução do trombo. Caso2: mulher, 47 anos, tabagista, hipertensa, dislipidêmica, AVCi há 1 ano, apresentou suboclusão de artéria axilar e trombo em arco aórtico. Foi anticoagulada e houve melhora do trombo. Caso3: mulher, 56 anos, tabagista, chegou à emergência com infarto agudo do miocárdio e oclusão arterial aguda de membro superior esquerdo. Encontrado trombo na aorta ascendente e arco. Submetida a cirurgia de emergência. Evoluiu com disfunção biventricular, necessidade de balão intra-aórtico e óbito por choque misto e instabilidade elétrica em 24h.RESULTADOA formação dos trombos na Covid-19 está relacionada a inflamação endotelial, aumento dos fatores de coagulação e alta especificidade na ligação do vírus com receptores ACE-2. Doenças primárias da Aorta são os fatores de risco mais frequentes para formação de trombo. Os nossos pacientes apresentavam fatores de risco adicionais que, associados à trombogenicidade do SARS-Cov-19, elevaram o risco de trombose da aorta mesmo na ausência de lesões como placas ou úlceras. Na cirurgia do 3º caso, observamos trombos pediculados em endotélio sem lesões. A tabela 1 ilustra os casos atendidos em nosso serviço e os descritos na literatura. Não há consenso quanto ao tratamento. A maioria dos autores defende a ACO, sendo a cirurgia reservada para os casos de persistência, recorrência do trombo ou embolização. Outros defendem que a aortotomia deve ser o tratamento imediato, para prevenção das complicações. Há uma tendência para o tratamento cirúrgico precoce em paciente jovens, trombos maiores de 3cm, localização na aorta ascendente ou arco, recorrência de eventos embólicos e alta mobilidade do trombo. CONCLUSÃOTrombo da aorta ascendente e arco é raro e tem alta morbimortalidade. Observamos aumento de casos em nosso Hospital associados a Covid-19. Há concordância para a realização do tratamento cirúrgico quando o trombo se encontrar na aorta ascendente e arco, for pediculado e maior de 3cm, alternativa assumida em um dos nossos pacientes com desfecho negativo. Nos outros casos houve resolução com ACO e os pacientes evoluem livres de eventos.