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Embolia coronariana como causa de parada cardiorrespiratória no pós-operatório tardio de plastia mitral

Pinesi, HT, Habrum, FC, Melo, RY, Silva, TRA, Dallan, LRP, Kalil Filho, R, Scalabrini Neto, A
HOSPITAL SIRIO LIBANÊS - - - BRASIL

Introdução: Embolia coronariana é uma rara causa não-aterosclerótica de síndrome coronariana aguda. Dentre as suas etiologias, destacam-se doenças valvares, cardiomiopatias, fibrilação atrial e endocardite infecciosa. A artéria mais acometida costuma ser a descendente anterior, seguida da coronária direita. Em cerca de 10% dos casos, a cineangiocoronariografia (CATE) pode não encontrar obstrução coronariana.

 

Relato do Caso: Homem de 46 anos, com antecedente de plastia mitral recente devido insuficiência mitral secundária a prolapso. Admitido após episódio de parada cardiorrespiratória (PCR) extra-hospitalar em ritmo de fibrilação ventricular, com retorno à circulação espontânea após 26 minutos. O eletrocardiograma demonstrou área eletricamente inativa em parede inferior, sendo encaminhado para o CATE, que não evidenciou coronariopatia obstrutiva. Ecocardiograma (ECO) transtorácico mostrou função ventricular preservada e ausência de alterações segmentares, entretanto com imagem aderida à valva mitral, sugestiva de trombo ou vegetação. Esse achado foi confirmado no ECO transesofágico. A hipótese de endocardite infecciosa foi afastada com hemoculturas negativas e com  PET-CT, que não identificou focos de processo inflamatório/infeccioso cardíaco. Permaneceu clinicamente estável e sem disfunções orgânicas. Prosseguida investigação etiológica com ressonância cardíaca que evidenciou realce tardio de padrão isquêmico em paredes inferosseptal medial e inferior apical. A ressonância de crânio mostrou pequeno foco sugestivo de isquemia aguda no giro frontal médio, corroborando a hipótese de embolização coronária e cerebral com origem de microtrombos da valva mitral. Paciente permaneceu sem sequelas neurológicas e sem sintomas cardiovasculares. Instalado cardiodesfibrilador implantável para profilaxia secundária de morte súbita cardíaca e mantido sob anticoagulação de forma perene, recebendo alta para seguimento ambulatorial.


Conclusão: Embora a embolia coronariana seja um evento raro, pode ser potencialmente fatal. A suspeita clínica e o diagnóstico são importantes para se traçar um plano terapêutico adequado de acordo com a sua etiologia. Embora controversa, algumas diretrizes recomendam a anticoagulação de pacientes em pós-operatório de cirurgia valvar, mesmo com próteses biológicas e, principalmente em posição mitral, uma vez que o risco embólico é mais elevado pela possível formação de microtrombos na superfície protética.

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