Introdução: As vasculites constituem causas raras para o desenvolvimento de lesões coronárias, por vezes ocasionando quadros de elevada gravidade e risco á vida. Usualmente, este grupo de doenças cursa a princípio com sintomas inespecíficos e acometimento de diversos sistemas. Aqui expomos um caso no qual a manifestação inicial foi o desenvolvimento de uma miocardiopatia isquêmica por lesão estenótica grave do tronco da coronária esquerda (TCE)
Relato de Caso: Mulher de 63 anos sem comorbidades prévia iniciou investigação ambulatorial para quadro de dispneia e angina há 1 ano, ambas à época desencadeadas aos mínimos esforços. Após diagnóstico de miocardiopatia dilatada com fração de ejeção reduzida (37%) em ecocardiograma transtorácico, solicitada cineangiocoronariografia eletiva para avaliação de coronariopata. Houve não-progressão do cateter pela artérias braquial e subclávia direitas, sendo constatada estenose das mesmas por angiografia e continuado exame pela artéria radial esquerda. Evidenciada estenose focal de 70% em porção distal de TCE, sem demais lesões ou alterações em demais coronárias. Internada para revascularização de urgência.
Feita angiotomografia de aorta e ramos, sendo detectados: espessamento parietal circunferencial na transição entre as artérias subclávia e axilar à direita, determinando redução luminal segmentar significativa (>50%); espessamento parietal circunferencial da aorta ao longo de todo seu trajeto, atingindo espessura aproximada de 0,3 cm, sugestivo de vasculite. Encaminhada paciente para realização de PET-CT, o qual corroborou a hipótese diagnóstica com documentação de incremento difuso e heterogêneo do metabolismo glicolítico, de intensidade discreta/moderada, sugestivo de processo inflamatório compatível com vasculite de grandes vasos. Exames laboratoriais apresentaram sorologia negativa para Chagas ou sífilis, além de fator antinuclear negativo.
Iniciada pulsoterapia com metilprednisolona 1mg/kg/dia e realizada angioplastia de TCE com emprego de 2 stents farmacológicos Inspiron em territórios de artérias descendente anterior e circunflexa, com implementação da técnica de mini-crush e pós-dilatação com técnica kissing-balloon. Utilizado balão intra-aórtico para proteção coronariana durante procedimento. Foram administrados AAS e ticagrelor (60mg em dose de ataque seguida de manutenção 10mg ao dia) como terapias antiplaquetárias prévia à intervenção. Obtido bom resultado angiográfico e resolução do quadro anginoso após revascularização, recebeno alta médica para seguimento com reumatologista.