Observa-se necessidade de mais estudos que discutam a real associação entre os nutrientes imunomoduladores nos desfechos de cirurgias, dentre elas, a cirurgia cardíaca, como proposto pelas principais diretrizes de terapia nutricional. Sendo assim, objetiva-se identificar o efeito da suplementação nutricional oral imunomoduladora no pré-operatório de cirurgia cardíaca sobre os desfechos no pós-operatório. Foi realizada uma coorte retrospectiva baseado na iniciativa STROBE onde foram coletados dados de prontuário eletrônico de pacientes que realizaram cirurgia cardíaca entre os anos de 2018 a 2020 sendo aplicados critérios de inclusão e exclusão para selecionar os pacientes que formaram o grupo exposto e o grupo não exposto. O grupo exposto foi constituído por pacientes no pré- operatório de cirurgia cardíaca que foram suplementados com imunonutrientes por pelo menos 5 dias enquanto o grupo não exposto foi composto por pacientes em pré operatório de cirurgia cardíaca que não receberam suplementação nutricional. O desfecho primário foi a mortalidade entre os grupos analisados e adotou-se como desfechos secundários: tempo de ventilação mecânica e antibioticoterapia, prevalência de infecção do sítio cirúrgico, níveis plasmáticos de proteína-C-reativa (PCR), necessidade de via alternativa de dieta,tempo na unidade de terapia intensiva (UTI) e hospital e necessidade de reinternação em seis meses após alta. Para o cálculo do número amostral e do poder estatístico utilizou-se o software G*Power, versão 3.1.9.2. A análise estatística incluiu análises descritivas e inferenciais realizadas com auxílio do software SPSS Statistics, versão 25.0, testes paramétricos ou não-paramétricos, análise de variância (ANOVA), modelo de regressão logística binária e curvas de sobrevida de Kaplan-Meier sendoutilizado o nível de significância de 5% (p ≤ 0,05). Observou-se no grupo exposto redução da mortalidade com um baixo poder estatístico, associada a redução do tempo da ventilação mecânica e da antibioticoterapia com tamanho de efeito médio, redução da permanência na UTI e no hospital com tamanho de efeito grande, redução da infecção do sítio cirúrgico, da necessidade de via alternativa de dieta, PCR e reinternação em 6 meses. Diante do exposto, parece prudente dizer que a suplementação nutricional trouxe efeitos positivos, porém, ensaios clínicos randomizados que comprovem a relação de causalidade são necessários.