O granuloma piogênico oral (GPO) trata-se de uma hiperplasia inflamatória que surge como resposta a estímulos como irritação local de baixa intensidade, lesão traumática, fatores hormonais ou mediado por alguns medicamentos. O termo utilizado para definir a lesão não é considerado apropriado devido à ausência de conteúdo purulento e inflamação granulomatosa. Sua localização mais comum é em gengiva, e pode ser encontrada em lábios, língua e mucosa julgal. Clinicamente apresenta-se como uma lesão exofítica que varia da coloração rosa, vermelha ou roxa, de superfície lisa ou lobulada, base pedunculada ou séssil e geralmente hemorrágica. No que tange a hipertensão arterial sistêmica (HAS), define-se como uma patologia de etiologia multifatorial que se caracteriza pelo aumento dos níveis pressóricos para valores superiores a 140mmHg (pressão sistólica) e 90mmHg (pressão diastólica), e representa um fator de risco para outras doenças cerebrovasculares e cardiovasculares. Sabe-se que o colesterol antecede ao desenvolvimento da HAS, bem como pode estar presente em suas fases iniciais e, juntamente aos níveis pressóricos elevados – principalmente quando associados à dislipidemia – aumenta a incidência de eventos mórbidos, como a aterosclerose, podendo se manifestar por cardiopatia isquêmica, acidente vascular encefálico e doenças renais. O objetivo do estudo é relatar, por meio de um caso clínico, a realização da técnica cirúrgica de remoção de granuloma piogênico de localização não usual em paciente cardiopata sob terapia antiplaquetária dual. Paciente LPS, 54 anos, sexo masculino, com lesão em dorso de língua com evolução de 3 meses. O paciente relatou ser portador de HAS, dislipidemia e doença aterosclerótica. Faz uso de losartana, sinvastatina, hidroclorotiazida, AAS e clopidogrel. O tratamento proposto foi a manutenção da terapia antiplaquetária e excisão cirúrgica da lesão. Não houve intercorrências e a aferição da pressão arterial (PA) foi monitorada e realizada duas vezes nos períodos pré, trans e pós-operatório. Foi realizado exame anatomopatológico onde foi confirmado o diagnóstico de granuloma piogênico lobular. Conclui-se que procedimentos cirúrgicos em pacientes hipertensos sob terapia antiplaquetária dual podem ser realizados em ambiente ambulatorial de forma segura, desde que as informações sobre a história médica e odontológica do paciente estejam bem esclarecidas, o planejamento seja multidisciplinar e que o profissional avalie os riscos e benefícios do procedimento bem como estar capacitado para lidar com possíveis intercorrências.
