RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 41 anos, hipertensa, diabética e renal crônica dialítica, evoluiu com quadro de dispneia e astenia há cerca de 2 meses. Encaminhada à Serviço de Urgência devido sepse por infecção de corrente sanguínea (hemocultura com S. aureus multissensível), sendo iniciado antibioticoterapia. Apresentava cateter do tipo Permcath em veia jugular direita.
Realizado ecocadiograma transtorácico que demonstrou hipertrofia ventricular esquerda concêntrica, função sistólica do ventrículo esquerdo preservada (fração de ejeção 74%), disfunção diastólica do ventrículo esquerdo grau I, e massa ecogênica no interior do átrio direito, de contornos irregulares, medindo 3,9 x 3,8 cm, gerando restrição de abertura da valva tricúspide.
Foi transferida para Unidade de Terapia Intensiva, dependente de oxigenioterapia, sendo realizada angiotomografia de tórax e descartado diagnóstico de tromboembolismo pulmonar. Iniciada anticoagulação plena.
O ecocardiograma transesofágico evidenciou que a massa estava aderida à parede lateral do átrio direito, sendo móvel, projetando-se para o ventrículo direito durante a diástole ventricular, apresentando contato com a cúspide anterior da valva tricúspide e com a ponta do cateter (Figura 1).
Figura 1 - Ecocardiograma transesofágico em esôfago-médio à 0º com presença de massa no interior do átrio direito.
A paciente foi submetida à cirurgia de trombectomia de átrio direito (Figura 2), sendo encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva para o pós-operatório, onde segue internada.
Figura 2 - Peça cirúrgica ressecada do interior do átrio direito.
CONCLUSÃO: Apresentamos um caso de uma mulher jovem com trombo em átrio direito relacionado com cateter de hemodiálise. As opções atuais para tratamento do trombo são anticoagulantes, trombolíticos e embolectomia, mas ainda não há consenso sobre o melhor entre eles. O diagnóstico pré-operatório de trombos atriais pode ser desafiador e gerar muitas dúvidas, sendo muitas vezes confundido com tumor ou vegetação endocárdica.
