Introdução: No acompanhamento dos pacientes transplantados renais observamos que uma parcela desta população evolui com disfunção do enxerto, cuja principal causa vascular é a estenose da artéria renal transplantada (TRAS). A arteriografia do rim transplantado é atualmente o padrão ouro para o diagnóstico da estenose, sendo o Ultrassom Doppler (USG) o método de triagem mais habitualmente utilizado, devido ao seu baixo custo, maior disponibilidade e caráter não invasivo.
Metodologia: Análise retrospectiva dos dados armazenados na plataforma Redcap/ EPM, de um total de 6.829 transplantes renais, onde foram selecionados os pacientes (n = 313) com suspeita clínica e ultrassonográfica de TRAS, submetidos a arteriografia no Hospital São Paulo, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2014.
Resultados: Os dados obtidos demonstram que a Velocidade de Pico Sistólica (VPS) foi em média estatisticamente maior nos pacientes com presença de estenose (média 415,3 ± 139, p < 0,01), cujo ponto de corte que melhor discriminou a presença de estenose foi de 345 cm/s. O conjunto de achados indica que valores de VPS maiores ou iguais a 345 cm/s tem alto valor em identificar a presença de estenose (VPP 88,8%), ao contrário da baixa confiabilidade na ausência de estenose (VPN 34,5%).
Conclusões: A USG Doppler representa assim um método de triagem reprodutível, não invasivo e confiável para os pacientes com suspeita de EART, com boa acurácia na positividade da estenose. O VPN não significativo reforça a importância da avaliação clínica associada, necessária para a indicação do estudo invasivo.