Introdução: Caracterizado como uma doença cardiovascular de elevada taxa de morbimortalidade no Brasil e no mundo representado por 33%, o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) atinge uma mortalidade de 40 a 65% dos casos na primeira hora e de 80% nas primeiras 24 horas. Atrelado a isso, a pandemia COVID repercutiu sobre essas taxas com um aumento em aproximadamente 50% da mortalidade no Brasil por doenças cardíacas. Assim, em 2020 foi implantado o Projeto Telecardio que teve como objetivo a realização do suporte avançado para adequada estratégia terapêutica, possibilitando o auxílio diagnóstico seguro e de altíssima precisão 24 horas por dia, através de um aplicativo mobile que permitiu a integração e a rápida comunicação a distância entre os hospitais e os cardiologistas responsáveis pelo suporte na suspeita de IAM. Logo, o objetivo deste trabalho é descrever o perfil dos pacientes inseridos no aplicativo e os impactos obtidos. Métodos: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo do perfil clínico dos pacientes que foram discutidos pelo aplicativo em 23 serviços públicos de saúde localizados em São Paulo, Osasco (SP), Rio de Janeiro, Niterói (RJ) e Santa Luzia (MG) no período de junho de 2020 a dezembro de 2021. Resultados: No total 2705 pacientes, sendo 52,5% do sexo masculino e 47,5% do sexo feminino, com faixa etária prevalente entre 56 e 60 anos foram contemplados com o auxílio diagnóstico e tomada de decisão. A maioria procurou pelo serviço devido dor torácica (77,3%) e já apresentava alguma comorbidade de base sendo a hipertensão com 62,1%, diabetes com 24,5% e o tabagismo com 14,6% as maiores taxas de prevalência. Em 8,9% (n=241) dos casos foi confirmado o diagnóstico de IAM com supra de ST e em 71% dos casos, realizou-se a orientação para trombólise química como principal estratégia terapêutica. Com relação ao tempo porta- ECG dos pacientes (n=2705) verificou-se uma mediana de 22,2 minutos e o tempo porta-orientação para trombólise (n= 173) de 85 minutos. Conclusões: O Projeto Telecardio auxiliou muitas equipes e salvou muitas vidas. Ficou evidente a relevância, os desafios e valor deste projeto para as redes de atendimento uma vez que garantiu o acesso ao diagnóstico e ao tratamento das doenças cardiovasculares, em especial o IAM com supra de ST de forma precisa. Possibilitou ao profissional que atendia este paciente uma atuação mais segura e direcionada, afinal estamos falando de uma doença onde “tempo é músculo” e quanto mais rápido e melhor atendermos este paciente menores serão as chances de complicações e mortalidade.