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Reconhecimento eletrocardiográfico do aneurisma ventricular esquerdo em pacientes portadores de doença de Chagas

Letícia Rodrigues Gatti Perez1, Carlos Alberto Pastore2, Nelson Samesima2, Leonardo Varoni2, Mirella Facin2
USCS - Univ. Municipal de S. C. do Sul - São Caetano do Sul - SP - Brasil, INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

 Introdução

A doença de Chagas é endêmica na América Latina e já atingiu também a Europa e a América do Norte. A cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) acomete cerca de 1/3 dos indivíduos infectados e manifesta-se de 3 principais formas: insuficiência cardíaca crônica, fenômenos tromboembólicos e arritmias cardíacas (e morte súbita). O aneurisma apical do ventrículo esquerdo não é incomum e relaciona-se a um risco maior de arritmias ventriculares malignas e tromboembolismo. Seu reconhecimento é feito pelo ecocardiograma, tomografia ou ressonância magnética cardíaca (RM), exames nem sempre disponíveis e de alto custo. Neste estudo, nós avaliamos a incidência de alterações específicas da repolarização ventricular ao ECG em pacientes com CCC.

Objetivo

Caracterizar o padrão eletrocardiográfico dos aneurismas ventriculares apicais na CCC.

Métodos

Estudo transversal, com pacientes portadores CCC, com e sem aneurisma ventricular. Foram selecionados, consecutivamente, 3.377 pacientes (2012 a 2019). Destes, incluímos os com RM e ECG (até 6 meses entre eles). Exclusão: marcapasso definitivo, BRE, taquiarritmias, extrassístoles, aneurisma inferior, cirurgia cardíaca prévia e doença coronariana manifesta. Incluídos 76 pacientes (34% com aneurisma). A análise ECG avaliou a presença da onda T com padrão plus-minus em V2 e/ou V3 e/ou V4, bem como a presença da onda T com morfologia plus-minus em DI e aVL, para caracterizar os portadores de aneurisma ventricular. Caso houvesse BRD + BDAS, consideramos o supradesnivelamento do segmento ST ≥ 1 mm e onda T positiva na derivação V2 (marcador de aneurisma).

Resultados

Isoladamente, tanto o padrão plus-minus da onda T nas derivações V2 e/ou V3 e/ou V4 e/ou DI e aVL quanto o supradesnivelamento ST em V2 ≥ 1 mm (este último na presença de BRD+BDAS), identificou a presença de aneurismas apicais com as respectivas sensibilidades, especificidades, valores preditivos positivos e negativos: 58 e 45%, 100 e 98%, 100 e 83% e 82 e 89%. Com a utilização de ambos os critérios obtivemos, respectivamente: 77%, 98%, 95%, 89%, 91% e 38 (sensibilidade, especificidade, VPP, VPN, acurácia e likelihood ratio).

Conclusões

A presença do padrão plus-minus da onda T nas derivações V2 e/ou V3 e/ou V4 e/ou DI e aVL, somado à presença do supradesnivelamento do ponto J ≥ 1 mm em V2, com onda T positiva (BRD+BDAS), mostraram elevada acurácia na identificação do aneurisma ventricular em portadores de cardiomiopatia chagásica crônica. Estudos prospectivos devem avaliar estes novos achados eletrocardiográficos com desfechos clínicos de morbi-mortalidade.

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