Introdução: a doxorrubicina (DOXO) é um agente quimioterápico largamente utilizado. É oportuno mencionar, no entanto, que essa alternativa terapêutica pode causar danos celulares de grande magnitude, persistentes mesmo após a vigência do uso da droga, marcadamente nos cardiomiócitos. Nestes casos, a função cardíaca é prejudicada e o avanço para a insuficiência cardíaca não é raro. Devido à essas implicações, foram testadas diferentes opções terapêuticas para abrandar os efeitos da DOXO no coração, como o uso de células-tronco (CT). Entretanto, o potencial terapêutico das CT após o uso de DOXO pode ser abrandado pelo microambiente hostil que se estabelece após o tratamento com a droga, o que pode ocasionar redução drástica da sobrevida das células após o transplante. Assim, testamos o uso do pré-condicionamento com LED em CT mesenquimais do tecido adiposo submetidas à toxicidade por DOXO, a fim de potencializar suas propriedades resistivas.
Material e Métodos: CT provenientes de ratos Fisher-344 foram cultivadas meio Low 10% e, após 24h, irradiadas com LED (doses: 2J e 4J). Decorridos 60s do final da irradiação, as CT foram incubadas com DOXO (25μg/ml) por 60min para análise de: atividade mitocondrial, ATP, anexina V, óxido nítrico, IGF-1, VEGF, IL-10 e IL-6.
Resultados: a DOXO induziu menor atividade mitocondrial quando comparada ao grupo controle (CTR), exceto em células irradiadas, que apresentaram ainda maiores níveis de atividade mitocondrial e maiores níveis de ATP quando comparadas ao cDOXO, independente da exposição radiante. Acresça-se que o grupo 4J apresentou maior teor de ATP em comparação às CTR. Células cDOXO apresentaram aumento da apoptose, exceto no grupo 4J. O grupo cDOXO teve menor concentração de óxido nítrico, situação abolida em células 2J e 4J. A secreção de IGF-1 não foi alterada pela DOXO, exceto para o grupo 4J. As secreções de VEGF e de IL-10 foram reduzidas em cDOXO, mas não em células irradiadas. Apenas a dose 4J foi eficaz na redução de IL-6.
Conclusão: oLED foi eficaz em reduzir os danos mitocondriais e a apoptose e promoveu a manutenção da produção de ATP, NO e VEGF em CT após toxicidade por DOXO, além de induzir perfil inflamatório mais favorável à sobrevida das células. A dose 4J propiciou resultados ligeiramente melhores.