Introdução: A lesão cardíaca é frequentemente encontrada em pacientes com doença por coronavírus 2019 (COVID-19) e está associada ao aumento do risco de mortalidade. Troponina elevada pode significar dano miocárdico, preditivo de mortalidade.
Objetivo: Determinar a associação de troponina, troponina T cardíaca de alta sensibilidade (hs-TnT) elevada com a mortalidade hospitalar de pacientes graves com infecção por COVID-19 e internados em terapia de unidade intensiva (UTI).
Metodologia: Revisamos todos os pacientes admitidos em nossa UTI por COVID-19 de 1º de março de 2020 a 31 julho de 2021, que tiveram uma avaliação de troponina em até 48 horas após a admissão. Usamos regressão logística para calcular odds ratio (ORs) para mortalidade durante a hospitalização e presença de comorbidades cardiovasculares na internação: doença coronariana (DAC), hipertensão arterial (HAS) e insuficiência cardíaca (ICC).
Resultados: Dos 398 pacientes hospitalizados com COVID-19, foram avaliados 232 pacientes que tiveram uma avaliação de troponina dentro de 48 horas. A idade média foi 59±15 anos, sendo sexo masculino 131 (56%). A mortalidade observada foi de 65% (151/232) e o valor médio da troponina na admissão foi de 121±24 ng/l. A associação entre troponina elevada e mortalidade teve sensibilidade de 0,75 (0,65–0,84), especificidade de 0,44 (0,36–0,52), acurácia de 0,55 (0,48-0,61). Pacientes com troponina elevada tiveram chances de morte significativamente maior em comparação com troponina normal (OR ajustado, 2,38; intervalo de confiança de 95%, 1,30 a 4,34; p < 0,011) independentemente da presença de DAC (OR 0,88, IC 95% 031-2,53), HAS (0,71, IC 95% 0,40-1,25) e ICC (2,06, IC 95% 0,73-5,77).
Conclusão: Em pacientes graves hospitalizados em UTI por COVID-19 e troponina elevada, tiveram mortalidade acentuadamente aumentada em comparação com pacientes com níveis normais de troponina, independente da presença de comorbidades na internação.