Introdução: A infecção por COVID-19 resulta em respostas inflamatória e trombótica que podem se manter presentes em estágios tardios e após alta hospitalar. Pacientes que apresentam formas mais graves da doença, internados em unidade de terapia intensiva (UTI), possuem resposta inflamatória e trombótica exacerbada, com importante disfunção endotelial, podendo favorecer a ocorrência de eventos cardiovasculares tardios.
Objetivo: Descrever a ocorrência de eventos cardiovasculares dentro de 6 meses após alta hospitalar de pacientes com infecção por COVID-19 internados em UTI. Eventos cardiovasculares investigados foram: internação por síndrome coronariana (SCA), trombose venosa profunda (TVP), tromboembolismo pulmonar (TEP) e acidente vascular.
Resultados: Foram avaliados 101 pacientes que foram internados na UTI, com idade média de 52±15anos e 52 (50%) do sexo masculino. A médias de dias internados na UTI foi 15±11 dias. Dentro dos 6 meses após alta hospitalar foram observados 18 eventos cardiovasculares, incidência de 17,8%, sendo TVP 06 eventos, TEP 02 eventos, internação por SCA 06 eventos e AVE 04 eventos. Os valores médios na internação de D-dímero foram 2098±2811 ng/ml, Troponina T ultrassensível 310±815 ng/l, creatinina 0,95±1,26 mg/ml e PCR 137±89 mg/dl. Não foram encontradas diferenças estatísticas significantes entre a presença de comorbidades (hipertensão, doença coronariana, diabetes, obesidade) e valores de dosagem de exames laboratoriais na admissão hospitalar entre os grupos com e sem eventos cardiovasculares em 6 meses (teste T Student – distribuição homogênea e teste Mann-Whitney – distribuição não homogêneos)
Conclusão: A ocorrência de eventos cardiovasculares em pacientes críticos que sobreviveram a infecção por COVID-19 é elevada, assim estes pacientes que recebem alta do hospital devem ser acompanhados de perto na tentativa de prevenir estes desfechos.
