A Síndrome de Cardiomiopatia de Takotsubo (TK), também denominada de “broken heart syndrome”, descrita inicialmente em 1990, tem sido cada vez mais relatada nos Estados Unidos, Europa e Japão. Apesar de aparentemente ter um prognóstico favorável, pouco se sabe da prevalência, perfil demográfico, ecocardiográfico e da evolução clínica em nosso meio.
Os objetivos deste trabalho são avaliar a prevalência da TK em uma população com apresentação de Síndrome Coronariana Aguda (SCA) em um serviço hospitalar em Goiânia, bem como descrever suas características epidemiológicas, clínicas, ecocardiográficas e sua evolução hospitalar.
Este é um estudo retrospectivo com inclusão de todos pacientes que foram submetidos a cateterismo cardíaco admitidos com quadro de síndrome coronariana aguda e que tiveram diagnóstico de TK no período de 2017 a 2020. Foram utilizados os critérios diagnósticos da Mayo Clinic modificados para confirmação de TK: Alteração (Acinesia, Discinesia, Hipocinesia) na parede apical do VE; Ausência de lesão coronariana obstrutiva com evidência de síndrome coronariana aguda; Nova alteração eletrocardiográfica ou elevação de marcadores de necrose miocárdica
Neste período foram avaliados consecutivamente 783 pacientes com diagnóstico de SCA submetidos a cateterismo cardíaco. Treze pacientes tiveram diagnóstico confirmado de síndrome de TK, o que representa uma prevalência de 1,66% dos pacientes com clínica de SCA. A idade média foi de 73,23 ±14,3 anos e apenas um paciente era do sexo masculino (92,3% de mulheres). A maioria dos pacientes apresentavam dor torácica na admissão e supradesnivelamento do segmento ST na parede ântero-septal ao ECG. O pico de troponina ultra-sensível foi de 851,9; média de 491,4 (VR < 15 ng/mL) e de CK-MB de 126,7; média 56,19 (VR < 25 ng/mL). A Fração de ejeção média na admissão foi de 42,9 ±7,1% (método de Simpson) e o DDVE de 49,1 ±5,1 mm; Sete por cento dos pacientes apresentava discinesia do ápice e 35% acinesia apical. Foi observado apenas 1 caso (7,6%) com imagem sugestiva de trombo apical. O tempo médio de internamento foi de 6 ±3 dias e não se observou óbito hospitalar.
A prevalência da Síndrome de Cardiomiopatia de Takotsubo em nosso meio é de 1,66% e está em consoante com a incidência mundial. Confirmamos ser mais prevalente em mulheres idosas, além de apresentar elevação significativa dos marcadores de necrose miocárdica e acometimento discreto da função ventricular esquerda, porém com bom prognóstico hospitalar.