INTRODUÇÃO: A fibrilação atrial (FA) é a arritmia cardíaca mais frequente, afetando 37,5 milhões de pessoas em todo o mundo. É importante fator de risco para acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico e tem forte associação com outras comorbidades. Conforme aumento da expectativa de vida, eleva-se também a incidência e a prevalência da FA, afetando aproximadamente 10% dos indivíduos acima de 80 anos. A anticoagulação eficaz reduz a carga de incapacidades e mortes causada por AVC.
OBJETIVO: Avaliar dados do mundo real de nossa instituição e para melhorar a eficácia no diagnóstico e tratamento dessa doença.
MÉTODOS: Estudo retrospectivo baseado em prontuários médicos. Os critérios de inclusão foram FA e flutter atrial.
RESULTADOS: De maio de 2021 a janeiro de 2022, analisamos mil prontuários de pacientes atendidos em nossa instituição. A maioria da população era do sexo masculino (58,4%), pacientes brancos (96,4%). A presença de comorbidades foi frequente, principalmente hipertensão arterial e insuficiência cardíaca (80,8% e 52,3%, respectivamente). Distúrbios respiratórios estavam presentes em 36,3% enquanto o diabetes correspondeu a 32,8%. Doença arterial coronariana 28,1%, doença renal 12,8%, doença cerebrovascular 8,7% e uso de tabaco 8,6%. 33,3% dos pacientes apresentavam FA paroxística, 50,6% permanente, 8% persistente, 5,3% flutter e 2,8% indeterminada. A média de idade para os homens foi de 66,9 anos e para as mulheres de 69,9 anos. A média de CHADSVASC masculina foi de 3,2 e HASBLED 1. A média de CHADSVASC feminina foi de 4,4 e HASBLED 2. O IMC para homens foi de 28,4 kg/m² e 29,3 kg/m² para mulheres, a média de CKD EPI foi de 65. Comparando o número de AVC observou-se maior taxa com varfarina versus DOAC (20,27% e 17,83%, respectivamente). Em relação ao sangramento, a taxa foi de 5,3% com DOAC e 6,37% com varfarina. A mortalidade total com DOAC foi de 10,36% e com varfarina 15,83% com redução do risco absoluto de 5,47% (p=0,003). Na análise do AVC, os pacientes tratados com varfarina tiveram uma taxa maior quando comparados com DOAC (p=0,021).
CONCLUSÃO: Neste estudo de um serviço público de saúde, observou-se que um grande percentual de pacientes estava em uso de terapias DOAC. Observou-se também que a taxa de sangramento e AVC foi menor com o uso de DOAC, porém sem significância estatística pelo teste do qui-quadrado. Na análise final, a taxa geral de mortalidade e a ocorrência de AVC foram menores entre aqueles tratados com DOAC em relação àqueles em uso de varfarina. Uma explicação poderia ser a falta de ajuste adequado do INR.