INTRODUÇÃO: Pacientes em cuidados paliativos podem apresentar diversos sintomas bucais em decorrência da progressão de doença, assim como dos seus tratamentos, e com frequência a cavidade oral é negligenciada. Isto ocorre pela incapacidade de expressar suas queixas, pela total dependência de cuidadores e pela diversidade de sintomas sistêmicos. Diante desse contexto, o objetivo deste estudo foi conhecer a percepção de pacientes em cuidados paliativos e seus cuidadores sobre a sua saúde bucal no contexto atual de doença. MÉTODOS: Na pesquisa, com abordagem qualitativa do tipo exploratória descritiva, a coleta de dados foi realizada mediante diálogos conduzidos por questionários específicos elaborados para o estudo, posteriormente transcritos e analisados conforme fundamentos da análise de discurso proposta por Bardin. Foram incluídos pacientes com idade maior ou igual a 18 anos em seguimento por uma equipe de Cuidados Paliativos de um hospital escola, nas modalidades de interconsulta e enfermaria, durante os meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022. RESULTADOS: Foram avaliadas quatro mulheres com idade média de 59 anos, onde a média de diagnósticos/comorbidades associadas foi de aproximadamente 5,3 doenças, as cardiopatias constituíram o grupo de maior prevalência, e quatro cuidadores igualmente divididos entre os gêneros masculino e feminino, com idade média de 62 anos, todos ligados aos pacientes por vínculo familiar e com tempo mediano de envolvimento mais direto no cuidado de 62,2 meses. Foi possível reconhecer que as percepções acerca da saúde bucal, tanto em pacientes quanto em cuidadores, expressaram definições mais amplas, englobando elementos e mudanças de ordem física, as ligadas à rotina e hábitos cotidianos, aos sentimentos manifestados e demais aspectos psicológicos capazes de ultrapassar o limite fisiológico e palpável na compreensão de saúde. CONCLUSÕES: Concluiu-se que as percepções da saúde bucal, na visão de pacientes em cuidados paliativos e de seus cuidadores, foi compreendida aqui não apenas como a manutenção de funcionalidades anátomo-biológicas, mas expressão da própria identidade e pertença ao meio.