odução: A ausculta cardíaca apresenta baixa acurácia no diagnóstico das valvopatias e o ecocardiograma (ECO) é o exame padrão-ouro para documentação de lesões anatomicamente importantes. O diagnóstico à beira-leito está associado à economia de tempo e recursos, além de tratamento inicial mais preciso. O ultrassom como extensão do exame físico (POCUS, point-of-care ultrasound) aumenta acurácia diagnóstica de várias situações clínicas, mas seu papel no diagnóstico das valvopatias foi pouco estudado. Este estudo tem o objetivo de comparar a impressão diagnóstica de portadores de valvopatias importante através da avaliação clínica e POCUS realizada por residentes de cardiologia e cardiologista experiente. Métodos: Estudo prospectivo observacional unicêntrico, com pacientes portadores de valvopatia importante com ECO realizado até 90 dias da avaliação clínica. Tods foram examinados po residente cego ao diagnóstico, que compilou dados clínicos e do POCUS em instrumento padronizado, seguida de avaliação semelhante por cardiologista experiente. Utilizou-se o VSCAN (GE Healthcare®); análises com janelas de ECO (bidimensional e mapeamento a cores) e quantificação subjetiva das lesões valvares. Os profissionais eram certificados por curso de POCUS institucional. Os dados de exame físico e POCUS foram comparados entre si e com dados do ECO. Resultados: 17 pacientes tinham estenose mitral (EMi), 12 insuficiência mitral (IMi) e 20 estenose aórtica (EAo). A correlação entre a impressão final do exame clínico e o diagnóstico do ECO foi expressa pelo coeficiente de correlação de Pearson e foi, respectivamente em relação à avaliação do residente e do cardiologista, de 0,70 e 0,97 para EMi, 0,59 e 0,79 para IMi e 0,69 e 0,85 para EAo. Os residentes realizaram POCUS com mediana de tempo de 235 seg (162;308) e cardiologista com mediana de 152 seg (117;206), p<0,001. Em relação à impressão final do POCUS e ECO, a correlação de Pearson foi, respectivamente, 0,92 e 0,91 para EMi, 0,72 e 0,87 para IMi, 0,90 e 0,91 para EAo. O coeficiente de concordância de kappa entre as avaliações do POCUS e ECO respectivamente para avaliação do residente e do cardiologista foi de 0,73 e 0,72 para EMi, 0,41 e 0,57 para IMi e 0,75 e 0,72 para EAo. Conclusão: O diagnóstico clínico das valvopatias realizado por residentes tem baixa acurácia. A complementação da avaliação por POCUS apresenta forte concordância com diagnóstico ecocardiográfico quando realizada por todos profissionais. Este estudo piloto demonstra que o POCUS deve ser incorporado como estratégia diagnóstica à beira-leito.