Introdução: O efeito benéfico do treinamento físico aeróbio (TFa) na remodelação cardíaca induzida pela estenose aórtica (EAo) tem sido observado em estudos experimentais. No entanto, os mecanismos envolvidos na melhora da função cardíaca não são totalmente compreendidos. Neste estudo verificamos por análise proteômica a expressão de proteínas e processos biológicos regulados no miocárdio de ratos com disfunção cardíaca atenuada pelo TFa. Métodos: Ratos Wistar (n=60, 21 dias) foram divididos em 2 grupos: controle operado (C) e estenose aórtica (EAo). A EAo foi induzida pela inserção de um clipe de aço inoxidável, 0,60 mm, ao redor da aorta ascendente. Duas semanas após a cirurgia, os ratos foram divididos em 4 grupos: C, C exercitado (C-TF), EAo e EAo exercitado (EAo-TF). Ratos exercitados foram submetidos ao exercício em esteira 5 dias por semana durante 4 meses, a 60% da capacidade funcional máxima. Duas e 18 semanas após a cirurgia, os animais foram submetidos ao ecocardiograma. A capacidade funcional foi analisada por teste de esforço máximo em esteira e concentração de lactato sanguíneo. O proteoma miocárdico foi avaliado por abordagem shotgun label-free usando espectrometria de massas. A expressão proteica foi quantificada por Western Blotting. A análise estatística foi realizada por ANOVA ou Kruskal-Wallis; nível de significância de 5%. Resultados: Duas semanas após a indução da EAo, os ratos com EAo apresentaram disfunção diastólica e sistólica e hipertrofia concêntrica. Ao final do protocolo, o grupo EAo manteve o mesmo padrão de remodelação; o grupo EAoTF mostrou redução do AE/AO, melhoria da % Enc. Meso e da relação E/E’ (p<0,05) comparado ao EAo; além disso, aumentou a capacidade funcional e diminuiu o lactato sanguíneo (p<0,05). Após análise de enriquecimento por Gene Ontology, a análise do proteoma miocárdico mostrou maior expressão de proteínas relacionadas à via glicolítica, estresse oxidativo e inflamação, e menor expressão de proteínas associadas à beta-oxidação em EAo do que C. O EAo-TF apresentou maior expressão de proteínas relacionadas à biogênese mitocondrial e menor expressão de proteínas referentes ao estresse oxidativo e inflamação do que o grupo EAo. A expressão de proteínas das vias hipertróficas fisiológicas e patológicas não diferiu entre os grupos, exceto para p-p38, que foi maior no grupo EAo do que no grupo C. Conclusão: O treinamento físico aeróbio melhora o remodelamento cardíaco e a biogênese mitocondrial, além de atenuar o estresse oxidativo e a inflamação em ratos com estenose aórtica supravalvar. Apoio: CNPq