O sistema cardiovascular sofre diversos impactos em virtude do aumento do tecido adiposo corporal, causando prejuízos autonômicos e hemodinâmicos com consequentes danos ao leito vascular. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é capaz de demonstrar a modulação autonômica cardíaca a partir de sua análise nos diversos domínios, podendo ser utilizado como um preditor da saúde cardiovascular. O acompanhamento desse marcador mostra-se importante principalmente para grupos populacionais que apresentam elevada prevalência de sobrepeso e obesidade, síndrome metabólica e baixos níveis de condicionamento físico como os Policiais Militares do programa de radiopatrulha que exercem uma atividade predominantemente sedentária, mas com picos de esforço físico e estresse psicológico. O objetivo do presente estudo foi comparar os parâmetros hemodinâmicos e a VFC em indivíduos antes e após a implantação de um programa de treinamento físico durante o turno de serviço.Participaram deste estudo 36 policiais militares do sexo masculino do 3º e 6º BPM/M, que foram submetidos a análise da composição corporal por impedância bioelétrica octapolar da marca Inbody(370S), medida da pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) por esfignomanômetro oscilométrico digital, e o intervalo RR pelo frequencímetro da marca Polar(V800) sendo analisada a VFC pelo software Kubios, antes e após intervenção. Os indivíduos foram submetidos à sessões de 45 min de treinamento físico, duas vezes por semana, durante 12 semanas. Os resultados obtidos demonstram uma redução na gordura corporal, mas sem alteração significativa na massa corporal total. Não foi observado alteração significativa nos parâmetros autonômicos analisados, exceto no balanço simpatovagal, contudo, podemos observar uma redução significativa e clinicamente relevante nos valores de PA, indicando um efeito hipotensor gerado no período de treinamento o que pode indicar uma redução do risco cardiovascular nesta população. Portanto, os resultados apresentados demonstram que mesmo sessões de treinamento realizadas apenas duas vezes por semana durante o turno de serviço são capazes de gerar alterações hemodinâmicas importantes, reduzindo a PA, o que está associado a uma redução do risco de desenvolvimento de DCV, além de gerar uma redução na gordura corporal.
