Introdução: Tempo de intubação prolongado implica em piores desfechos em pacientes após cirurgia cardíaca. O avanço da qualidade dos anestésicos e de melhores técnicas anestésicas associado à otimização do tempo cirúrgico e de circuitos de circulação extracorpórea vêm possibilitam a extubação cada vez mais precoce dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. Porém, ainda há dúvida quanto aos reais benefícios da extubação em sala operatória versus extubação precoce na unidade de terapia intensiva.
Objetivos: Comparar os desfechos clínicos entre pacientes extubados em sala operatória e pacientes extubados em até 6 horas após admissão em unidade de terapia intensiva em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com uso de circulação extracorpórea.
Material e métodos: Estudo retrospectivo observacional de 194 pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com uso de circulação extracorpórea. Foram divididos em 2 grupos, no primeiro grupo, pacientes extubados em sala operatória, composto por 95 pacientes. O segundo grupo, de pacientes extubados em até 6 horas após a admissão na unidade de terapia intensiva, provenientes intubados do centro cirúrgico, composto por 99 pacientes.
Os critérios de elegibilidade no protocolo de extubação em sala foram: Tempo de circulação extracorpórea menor que 120 minutos, carga tabágica menor que 50 maços/ano, abstinência de tabaco maior ou igual a 6 meses, IMC (índice de massa corporal) = < 30, idade entre 16 anos e 65 anos, lactato dentro da normalidade, ausência de vasopressores.
Resultados: Pacientes extubados em sala de operação (mediana de 8 dias, IQR 6 a 10) tiveram tempo de internação hospitalar menor do que os pacientes extubados em até 6 horas de admissão em unidade de terapia intensiva (mediana de 10 dias, IQR 8 a 12.5), prevalência de delirium semelhante (2.0% x 2.1%), ausência de pneumonia associada a ventilação mecânica (PAV) (0%), ausência de não readequação calórico-proteica (0%) e quanto a segurança, apenas 1 paciente foi reintubado por recirculação anestésica no grupo dos extubados em sala e não houve diferença na taxa de reinternações em UTI com o grupo não extubado.
Conclusões: Nesta amostra de pacientes, constatamos que foi seguro a extubação em sala. Entretanto, não houve diferenças significamente estatísticas nos fatores avaliados, exceto em relação ao tempo de internação total.