Relato de caso: FMF, 28 anos, sexo masculino, atleta, procura assistência médica 2 horas após início de precordialgia de forte intensidade com início súbito, contínua e sem irradiações quando estava treinando artes marciais. Nega comorbidades ou uso de drogas de uso contínuo.
Antecedentes pessoais: pai falecido aos 43 anos por morte súbita sem doenças prévias conhecidas.
Ao exame: corado, anictérico, acianótico, eupneico em repouso. PA= 120x60 mmHg ; FC=FP= 85 bpm. Ausculta cardiopulmonar sem alterações. Membros inferiores sem alterações e pulsos preservados
Exames laboratoriais: leucócitos: 6700 sem desvios, PCR=4,2, CPK=267 , CK-MB=7,2 , Troponina I= 4 , Creatinina: 1,0 , Uréia: 30.
Foi realizado ECG: ritmo sinusal, com bloqueio de ramo direito (nos eletrocardiogramas seriados observou-se que o bloqueio era intermitente). Foi medicado com 200mg de Ácido Acetilsalícico (AAS), 300 mg de Clopidogrel, 80 mg de Atorvastatina e Nitrato sublingual. Houve melhora parcial da dor e remissão completa com Nitrato venoso. Radiografia torácica sem alterações.
O ecocardiograma não apresentou alterações segmentares e as valvas estavam com morfologia, sem refluxos e estenoses. Fração de ejeção de 70%. Foi internado em unidade de terapia intensiva (UTI) e submetido a coronariografia dentro das 24 horas de sua chegada, que não evidenciou lesões coronarianas obstrutivas.
Realizou ressonância magnética cardíaca (RNM) que demonstrou função biventricular preservada e padrão isquêmico (infarto) com base na presença de realce tardio de padrão subendocárdico em parede ântero-septal.
Permaneceu 48 horas na UTI monitorizado e seriando marcadores de necrose miocárdica e 1 dia na unidade de internação. Recebeu alta hospitalar assintomático em uso de AAS 100 mg/dia, Rosuvastatina 10 mg/dia e Metoprolol 25 mg/dia.
Conclusão: Apesar de os pacientes com MINOCA apresentarem melhor prognóstico em relação aos que apresentam IAM por doença coronariana obstrutiva, o prognóstico não é benigno. Estudos recentes apontam que até 24% dos pacientes com MINOCA manifestam eventos adversos em aproximadamente 4 anos.
Por isso o paciente foi orientado a manter seguimento médico regular, evitar exercícios físicos de alta intensidade nos 60 dias após o evento e após isso realizar nova RNM de controle.