Introdução: O direito à saúde é um dos direitos sociais constitucionalmente garantidos. A realidade brasileira ainda é excludente e também reflete as dificuldades estudadas e superadas por outros países desenvolvidos. No Brasil, menos de 20% dos pacientes que saem de uma internação hospitalar por problemas cardíacos, recebe a indicação para a reabilitação cardíaca. Uma vez no programa, as maiores barreiras que dificultam o acesso estão relacionadas com as comorbidades e/ou estado funcional, necessidades percebidas e acesso. Objetivos: Avaliar e comparar as barreiras para participação em Programa de Reabilitação Cardíaca (PRC), na perspectiva de pacientes inseridos em um PRC, antes e após da ocorrência da pandemia da covid-19. Método: Estudo observacional, analítico e longitudinal realizado em duas etapas com pacientes em reabilitação cardíaca de fase 2 e 3 num hospital universitário do interior paulista. Na primeira etapa, antes da pandemia, 23 participantes responderam presencialmente aos 21 itens da Escala de Barreiras para a Reabilitação Cardíaca (EBRC), usando uma escala ordinal de 1 a 5 (escore total de 21 a 105, com maiores escores representam maiores barreiras). Na segunda etapa, realizada por telefone durante o período pandêmico, 18 desses participantes responderam novamente à EBRC. Resultados: Os resultados evidenciam a diminuição na percepção das barreiras para a participação em PRC, da primeira para a segunda entrevista. Ao comparamos os valores médios das duas avaliações, encontramos diferenças estatisticamente significantes para o escore total da EBRC (p<0,001), a média total dos itens (p<0,001) e para as médias de 17 dos 21 itens. Conclusão: Os escores significantemente menores na segunda entrevista significam que os participantes enxergam menos barreiras para frequentar a reabilitação cardíaca durante o período pandêmico do que antes, quando o serviço funcionava de maneira regular. Acreditamos que a redução significativa das barreiras tenha como contexto o fato desses pacientes saberem dos benefícios que um PRC é capaz de proporcionar e, dentro da convivência que tiveram até o momento, coletivamente desejarem o retorno das atividades justamente por terem esse conhecimento.