Homem, 76 anos, hipertenso, diabético, com doença renal crônica foi admitido em unidade de emergência devido infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST (IAMCSST) com mais de 12 horas de evolução. Encontrava-se em choque cardiogênico (Killip IV), mas sem necessidade de ventilação mecânica invasiva. Foi iniciado noradrenalina por 3 dias, dobutamina por 8 dias e hemodiálise por 10 dias. Realizado cateterismo cardíaco e a angiografia mostrou oclusão crônica (>3 dias) de ramo descendente anterior (DA) sendo optado por não tratar este ramo, contudo realizado angioplastia com stent farmacológico na coronária direita e stent farmacológico no ramo ventricular posterior direito com sucesso. O eletrocardiograma em ritmo sinusal, zona elétrica inativa anterior extensa com supradesnível do segmento ST residual, intervalo QTc 460 ms, frequência cardíaca de 84 bpm. Os níveis séricos de potássio, cálcio e magnésio estavam dentro dos valores normais. No 16º dia de internação em leito monitorizado, encontra-se assintomático, mas foi observada a presença de ectopias ventriculares monomórficas frequentes com intervalo de acoplamento curto (400 ms). Apresentou fenômeno de R sobre T causando taquicardia ventricular polimórfica (TVPM) com degeneração rápida para fibrilação ventricular (imagens), que foi rapidamente revertida com desfibrilação. Ocorreram mais 3 episódios de TVPM em 24 horas sendo precedidos pelas extrassístoles ventriculares apesar de infusão endovenosa de sulfato de magnésio e amiodarona. Realizada nova angioplastia com stent farmacológico no primeiro ramo marginal esquerdo no 18º dia de internação, que associado com a amiodarona e doses progressivas de carvedilol controlaram as ectopias ventriculares. Não foi necessária a realização de ablação por radiofrequência das ectopias ventriculares.
Discussão: TVPM com degeneração para fibrilação ventricular desencadeada por extrassístoles ventriculares com intervalo de acoplamento curto pode ser uma complicação grave no IAMCSST.