Introdução: Endocardite fúngica apresenta baixa incidência entre as endocardites (2-3%), porém alta letalidade (até 50%). Dentre os fatores contribuintes para isso, destacam-se o difícil diagnóstico e a alta taxa de complicações, como: disfunção valvar, abscesso, embolização séptica e mais raramente pseudoaneurisma de Aorta (Ao). O objetivo do estudo é relatar o caso de um paciente com endocardite fúngica complicada com pseudoaneurisma de Ao. Relato de caso: Paciente masculino,75 anos; diabético e coronariopata. Possui antecedente de endocardite infecciosa bacteriana complicada com insuficiência de valva Ao em junho/2015 e necessidade de troca valvar convencional. Em Maio/2021 apresentou disfunção protética, sendo submetido a procedimento percutâneo valve-in-valve aórtico. Após 10 meses, realizado colectomia devido a neoplasia de cólon. Evolui desde o 1º pós-operatório (PO) com quadro infeccioso sem foco definido e refratário a múltiplos antibióticos. Após 40 dias, ecocardiograma trans-esofágico, tomografia por emissão de pósitrons e angiotomografia de tórax, evidenciam sinais de infecção protética, complicada com pseudoaneurisma em Ao ascendente. Diante disso, urgenciou-se a a cirurgia, sendo submetido a: correção do pseudoaneurisma com troca de Ao ascendente por tubo de Dacron; seguido troca valvar aórtica. Apresentou sangramento mediastinal e pleural em PO imediato, sendo reabordado com hemostasia de vasos da parede torácica. Evolui em melhora clínica, além de prótese normofuncionante. Quanto ao agente etiológico, isolado Candida albicans multisensível em cultura do pseudoaneurisma e da prótese explantada. Paciente manteve melhora, de modo a receber alta com anfotericina-B limpossomal e anidulafungina por tempo prolongado. Discussão: Os principais mecanismos para formação de pseudoaneurisma de Ao por endocardite infecciosa são: aortite e microembolia de vasa vasorum, levando a isquemia da parede arterial. Para o caso descrito, propõe-se um raro fator causal: a presença de uma das hastes da prótese valvar se insinuando para a parede da Ao ascendente, levando a lesão deste vaso e a formação de um pertuito, com consequente formação de um pseudoaneurisma extra cardíaco. A terapêutica tanto antimicrobiana quanto cirúrgica representa grande desafio para as equipes, com alta morbimortalidade associada. Conclusão: Pseudoanerisma de Ao associado a endocardite fúngica constitui grande desafio para as equipes. O tratamento cirúrgico associado a antifúngicos combinados permanecem a terapêutica adequada.