INTRODUÇÃO
A ablação por cateter, importante tratamento para fibrilação atrial (FA), apresenta como possível complicação, danos esofagianos. É importante conhecer a prevalência deles para analisar a eficácia e segurança das técnicas de proteção utilizadas durante a ablação, estabelecer diagnóstico precoce e definir diretrizes adequadas de tratamento preventivo.
OBJETIVO
Pesquisar a prevalência de lesões esofagianas, por meio de endoscopia digestiva, em pacientes submetidos à ablação por cateter de FA no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
MÉTODOS
Estudo retrospectivo, com acompanhamento clínico a partir do levantamento de prontuários relativo ao período perioperatório dos pacientes submetidos à ablação por cateter no HIAE do início de 2016 ao final de 2019. A avaliação da mucosa esofágica dos pacientes foi feita por meio da endoscopia digestiva alta entre 24 e 72 horas após o procedimento. Os pacientes que apresentaram alterações importantes foram submetidos a uma segunda endoscopia 1 semana após a ablação. Padronizou-se as lesões observadas na endoscopia pela classificação de Kansas City (KCC).
RESULTADOS
Foram incluídos 57 pacientes no estudo. A maior parte dos pacientes eram do sexo masculino (75,4%) com média de idade de 60,1 anos. Dos pacientes submetidos à ablação, 75,4% tinham FA paroxística. Na maioria dos casos (86%), utilizou-se termômetro linear pare evitar a ocorrência de lesão e os demais utilizaram desvio com sonda do ECO transesofágico.
Quanto a ocorrência de lesões esofágicas, 36 (63,2%) pacientes não demonstraram qualquer sinal de alteração na endoscopia de controle realizada. Dentre as alterações observadas, um (1,8%) apresentou eritema (KCC1), sete (12,3%) erosão (KCC2A), três (5,3%) hematoma-equimose e oito (14%) lesão traumática.
A prevalência geral de lesões esofagianas após ablação por cateter foi, portanto, de 34,5%. Na endoscopia de controle, realizada na semana seguinte, a maior parte das lesões teve resolução completa e nenhum paciente apresentou complicações decorrentes das mesmas em médio e longo prazo, como evidenciado no gráfico anexado.
CONCLUSÃO
Apesar das medidas de proteção esofágicas utilizadas nos casos dos pacientes participantes, ainda houve uma considerável taxa de lesões esofagianas de baixo risco. Assim, sugere-se a necessidade de aprimoramento na técnica de ablação do átrio esquerdo e de proteção do esôfago.