Introdução: A não compactação do miocárdio ventricular é uma cardiomiopatia rara, que resulta da interrupção do processo normal de compactação durante a embriogênese, resultando na persistência de trabeculações e recessos profundos. As manifestações clínicas são variáveis, desde ausência de sintomas à insuficiência cardíaca congestiva, arritmias e tromboembolismo sistêmico. A Ecocardiografia convencional e a Ressonância Nuclear Magnética são os melhores exames para o diagnóstico desta alteração. O Cateterismo Cardíaco é o exame diagnóstico mais utilizado para descartar a presença de coronariopatia obstrutiva. Não encontramos relatos prévios na literatura do uso da Cintilografia do Miocárdio e da Angiotomografia cardíaca para rastreamento desta patologia. Descrição do Caso: Mulher, 38 anos, com episódios prévios de pré-síncopes; dispneia aos moderados esforços há 2 anos e com piora nos últimos 6 meses; além de dois episódios prévios de dor torácica de forte intensidade, iniciada ao repouso, com melhora espontânea em 10 minutos. Antecedente de 2 gestações sem intercorrências, sem uso atual de medicações, sem história de doença cardíaca prévia ou de morte súbita familiar. Ao exame físico apresentava-se estável, sem edemas ou estase jugular. Bulhas rítmicas, normofonéticas, sem sopros. O exame físico de outros sistemas foi normal. Solicitado Cintilografia do Miocárdio que evidenciou déficit perfusional difuso (sugerindo padrão obstrutivo multiarterial). Indicado realização de Cateterismo Cardíaco, o qual foi recusado pela paciente. Angiotomografia de Coronárias descartou coronariopatia obstrutiva. Contrastação do ventrículo esquerdo na angiotomografia permitiu a documentação das trabeculações profundas, típicas de miocárdio não compactado. Conclusão: O Miocárdio não compactado é uma cardiomiopatia rara e de difícil reconhecimento. O retardo no diagnóstico correto predispõe o paciente a um pior prognóstico evolutivo. Propomos a possibilidade do uso da angiotomografia cardíaca e do PET miocárdio como ferramentas importantes para o reconhecimento desta patologia, especialmente nos pacientes que recusam a realização do cateterismo cardíaco.