Introdução: Insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome crônica na qual o coração é incapaz de adequar sua ejeção às necessidades metabólicas do organismo. Associa-se a um prognóstico reservado, com frequentes morbidades e tratamentos complexos, comprometendo a qualidade de vida. Esse sofrimento pode ser aliviado com uma abordagem voltada para a espiritualidade, a qual se mostrou capaz de afetar a saúde e qualidade de vida de portadores de doenças crônicas ao favorecer a aderência ao tratamento da IC, ocasionando a melhora do seu status funcional.
Metodologia: Realizou-se um estudo transversal e observacional. Aplicou-se dois questionários, um referente à qualidade de vida de pacientes com IC, Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire (MLHFQ), e outro abordando o bem-estar espiritual nos pacientes crônicos, Functional Assessment of Chronic Illness Therapy-Spiritual Well-Being (FACIT-Sp-12). Também se verificou a classificação da New York Heart Association (NYHA) e o perfil hemodinâmico de Stevenson. Para a estatística utilizou-se o STATA® e cálculos de correlação de Pearson e regressão linear. Foram entrevistados maiores de 18 anos, com IC e que assinaram o termo de consentimento, totalizando 41 indivíduos.
Resultados: Prevaleceu o sexo masculino (53%) e a idade média foi de 66 anos. As principais etiologias para IC foram hipertensiva (37%), isquêmica (34%) e valvar (12%), sendo a maioria dos internados da classe III do NYHA (41%) e da categoria B de Stevenson (90%).
De acordo com classificação feita pelas autoras, visto que não existem na literatura, para o FACIT-Sp-12, 2,4% apresentaram pouca espiritualidade (≤16 pontos) e 65,8% muita espiritualidade (≥ 33 pontos). Para o MLHFQ, 24,4% dos entrevistados se enquadraram com uma boa qualidade de vida (≤35 pontos) e 22% com ruim (≥ 71 pontos).
Ao correlacionar os dois questionários, obteve-se um coeficiente r de -0,45, com significância estatística (p=0,003), mostrando relação inversamente proporcional entre eles, ou seja, quanto maior a espiritualidade, menos sintomas de IC. No entanto, ao correlacionar o Facit-Sp-12 com o NYHA e a classificação de Stevenson não houve associação estatística significante, não podendo afirmar se há interferência da espiritualidade na classificação funcional ou no perfil hemodinâmico dos pacientes.
Conclusão: Conclui-se que uma visão holística voltada para a espiritualidade em pacientes com IC poderia interferir na maneira com que eles lidam com a sua síndrome, influenciando positivamente na sua qualidade de vida pelo aparecimento de menos sintomas.