Introdução: Os efeitos do exercício físico resistido (ER) não estão completamente esclarecidos em situações de disfunção cardíaca. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do ER sobre a capacidade física, a remodelação cardíaca, e variáveis moleculares e bioquímicas do músculo sóleo de ratos com infarto do miocárdio (IM). Métodos: Três meses após IM ou cirurgia simulada, ratos Wistar foram divididos nos grupos Sham (n=14), IM (n=13), e IM submetido a ER (IM-R, n=14). O ER foi realizado em escada, 3 vezes por semana, por três meses. A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de carga máxima e pelo teste de tolerância ao exercício em esteira. Ecocardiograma foi realizado ao final do estudo. A atividade máxima de enzimas metabólicas e de enzimas antioxidantes e a concentração do marcador de estresse oxidativo hidroperóxido de lipídio foram quantificadas por espectrofotometria. A expressão de proteínas da via do fator de crescimento semelhante à insulina tipo-1(IGF-1)/proteína quinase B/complexo alvo da rapamicina foi analisada por Western blot. Análise estatística: ANOVA e Bonferroni ou Dunn; testes T de Student e Goodman; p<0,05. Resultados: A mortalidade foi maior no grupo IM que no Sham e não diferiu entre os grupos IM-R e Sham. O tamanho do infarto, avaliado por análise histológica, não diferiu entre os grupos (IM 39,6±5,9; IM-R 38,8±6,5 % da área total do ventrículo esquerdo). O exercício resistido aumentou a capacidade de carga máxima e não alterou a capacidade funcional. Ao ecocardiograma, os grupos IM e IM-R tiveram dilatação do átrio esquerdo e do ventrículo esquerdo, e disfunção sistólica; não houve diferença nas variáveis ecocardiográficas entre os grupos IM-R e IM. A atividade da catalase foi menor no grupo IM que no Sham e da glutationa peroxidase foi menor no IM que nos grupos Sham e IM-R. O metabolismo energético não diferiu entre os grupos, exceto pela menor atividade da fosfofrutoquinase no grupo IM-R que no IM. A expressão da p70s6K e p-FoxO3a, e a relação p-FoxO3a/FoxO3a foram menores no IM que no Sham e a relação p-p70s6K/p70s6K foi maior no IM que no Sham. Conclusões: A prática de exercício resistido é segura e melhora a capacidade de carga máxima independentemente de alterações da remodelação cardíaca em ratos infartados. No músculo sóleo, o exercício resistido preserva a atividade de enzimas antioxidantes e da fosfofrutoquinase, e a expressão de proteínas envolvidas no trofismo muscular.