Introdução: Apesar dos avanços nas pesquisas sobre fisiopatologia e evolução da COVID-19, ainda não há dados conclusivos sobre todos os mecanismos envolvidos no desenvolvimento da forma mais grave da doença. Objetivos: Investigar a presença de marcadores clínicos e laboratoriais do primeiro dia de admissão que se correlacionam com maior de gravidade de pacientes hospitalizados por COVID-19 e comparar com dados de 1 mês pós alta. Métodos: Estudo clínico prospectivo observacional e longitudinal de pacientes sobreviventes com mais de 18 anos diagnosticados para COVID-19 e não vacinados, internados em hospital universitário de junho/2020 a janeiro/2021 e que retornaram para acompanhamento ambulatorial após 1 mês de alta hospitalar. Na internação, foram avaliados para a presença de comorbidades, fatores de risco cardiovasculares, uso de medicações e sintomas respiratórios agudos e exames laboratoriais das primeiras 24 horas de internação. Os pacientes foram acompanhados com 1 mês de alta e submetidos a avaliação clínica e laboratorial. Resultados: Foram avaliados 44 pacientes com idade de 55±28 anos, 29 homens e 15 mulheres, destes 20 estiveram internados em UTI, sendo que 10 necessitaram de intubação orotraqueal (IOT), e 24 foram internados apenas em enfermaria. Os pacientes que necessitaram IOT apresentaram contagem de linfócitos de 696,5 células/mm3 [606,25-986,5; p=0,011] na internação contra 1084 células/mm3 [790-7526] daqueles que não foram intubados. Sendo que os valores de linfócitos foram identificados como marcadores independes de gravidade em regressão logística múltipla com correção para idade e saturação de oxigênio na internação e apresentaram sensibilidade de 80% e especificidade de 61% com ponto de corte de 971 linfócitos em curva ROC para detecção de necessidade de IOT, com área sob a curva de 0,77 (IC: 0,61-0,92; p=0,01). Com 1 mês de seguimento houve recuperação completa, com valores de linfócitos de 2146 células/mm3 [1754,75-2511,25]. Conclusão: A linfopenia foi o principal fator independente associado à maior gravidade em pacientes hospitalizados e sobreviventes da COVID-19, com recuperação completa após 1 mês de alta hospitalar.