Introdução: Anormalidades na musculatura esquelética são frequentemente observadas em pacientes com insuficiência cardíaca. Dentre as alterações, destaca-se a mudança na preferência do substrato energético, que está relacionada a perda progressiva da massa e função muscular. Os inibidores da proteína co-transportadora de sódio glicose 2 (SGLT2) melhoram desfechos cardiovasculares em pacientes diabéticos e não diabéticos, com ou sem insuficiência cardíaca. Os efeitos dos inibidores da SGLT2 na musculatura esquelética durante a insuficiência cardíaca não estão esclarecidos. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da empagliflozina (EMPA) sobre o metabolismo energético muscular de ratos com insuficiência cardíaca induzida por infarto do miocárdio (IM).
Métodos: Uma semana após indução de IM ou cirurgia fictícia, ratos Wistar machos foram divididos em quatro grupos: Sham (n=10), Sham+Empa (n=12), IM (n=10) e IM+Empa (n=09). EMPA foi adicionada à ração (5 mg/kg/dia) por 12 semanas. Os ratos receberam água e ração comercial ad libitum. O tamanho do infarto foi avaliado por análise histológica. A atividade máxima de enzimas do metabolismo energético do músculo sóleo foi avaliada por espectrofotometria. Análise estatística: ANOVA e Tukey e teste T de Student.
Resultados: Somente ratos com infarto maior que 35% da área total do ventrículo esquerdo (VE) foram incluídos no estudo. O tamanho do infarto não diferiu entre os grupos (IM 41,8±4,2; IM+Empa 40,7±5,7 % da área total do VE). O grupo IM teve maior atividade das enzimas glicose-6-fosfato-desidrogenase, citrato sintase e beta-hidroxi-acil-desidrogenase que o Sham; estas alterações não foram observadas no IM+Empa. O grupo IM+Empa apresentou menor atividade da hexoquinase, glicose-6-fosfato-desidrogenase, piruvato quinase, fosfofrutoquinase e citrato sintase que o IM.
Conclusão: O tratamento crônico com empagliflozina impede alterações no metabolismo energético do músculo sóleo de ratos com infarto do miocárdio.
Financiamento: FAPESP, CNPq e UNESP.