Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica decorrente de prejuízos estruturais e funcionais no miocárdio, resultando em comprometimento do enchimento ventricular ou da ejeção de sangue, associados a intolerância ao exercício, dispneia, fadiga e diminuição da qualidade de vida. A literatura aponta benefícios do treinamento físico como melhorias no desempenho físico e qualidade de vida desses pacientes, associadas à melhora nos parâmetros relacionados ao músculo esquelético e sistema cardiovascular. Objetivo: Verificar a associação entre a capacidade funcional e variáveis ecocardiográficas em pacientes com IC submetidos a um programa de exercícios físicos combinados (EFC). Métodos: Ensaio clínico longitudinal, randomizado e controlado, composto por 82 pacientes com IC de fração de ejeção reduzida, divididos em dois grupos: Grupo Controle (GC, n=41): receberam apenas recomendação de atividades físicas de rotina; Grupo Intervenção (GI, n=41): submetidos a um programa de EFC supervisionado, composto por exercício aeróbico do tipo caminhada contínua (50-65% do VO2 de pico), acrescidos de EF de força de baixa intensidade (50% da Contração Voluntária Máxima), três vezes por semana durante 16 semanas. Antes e após 16 semanas de protocolo, foram realizados teste de caminhada Cooper 12 minutos e ecocardiograma transtorácico. As comparações entre os dois grupos foram efetuadas pelo teste t para amostras independentes, após verificação da normalidade pelo teste Shapiro-Wilk; e as associações entre distância percorrida e variáveis ecocardiográficas pelo coeficiente de correlação de Spearman. Resultados: Após 16 semanas de treinamento físico as comparações das variáveis de capacidade funcional: distância percorrida e VO2 de pico, mostraram melhora significante no GI em relação ao GC. As comparações das variáveis ecocardiográficas apontam melhora significante no GI no momento pós em relação ao momento pré-treino, assim como quando comparado ao GC. Houve associações entre distância percorrida e volume do átrio esquerdo indexado (R=-0,459; p<0,001), entre distância percorrida e razão E/e’ médio (R=-0,323; p=0,003), entre distância percorrida e fração de ejeção do ventrículo esquerdo (R=0,673; p<0,001), entre distância percorrida e velocidade de excursão sistólica do anel mitral ao Doppler tissular (onda S) (R=0,491; p<0,001). Conclusão: A distância percorrida e as variáveis ecocardiográficas apresentam correlação e apontam a efetividade do programa de EFC. FAPESP: 2016/04959-9.