Introdução: Os sintomas depressivos e a perda do apetite são capazes de impactar a qualidade de vida (QV) de pacientes com insuficiência cardíaca (IC). No entanto, não há estudos brasileiros que verifiquem a relação entre essas variáveis em tais pacientes. Assim, o objetivo deste estudo foi verificar a relação entre sintomas depressivos, apetite e QV em pacientes com IC hospitalizados. Métodos: Estudo observacional, analítico, transversal, realizado com 86 pacientes com IC hospitalizados em São Paulo-SP. Os sintomas depressivos foram avaliados por meio do Inventário de Depressão de Beck II (BDI-II) (escore 0-13: depressão mínima; 14-19: depressão leve; 20-28: depressão moderada; 29-63: depressão grave). O apetite foi avaliado pelo Questionário Nutricional Simplificado de Apetite (QNSA) (escore≤14: risco de 5% de perda de peso nos últimos seis meses). A QV foi mensurada pelo Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire (MLHFQ) (escore varia de 0 a 105 pontos e, quanto menor, melhor a QV). As relações entre as variáveis sociodemográficas e clínicas, os sintomas depressivos, apetite e QV foram verificadas por meio de testes univariados e modelos de regressão linear, com p<0,05 considerado significativo. O modelo final considerado foi aquele com as variáveis com p-valor menor ou igual a 0,05 e com resíduos seguindo normalidade pelo teste de Shapiro Wilk. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade (Protocolo nº 4.055.369). Resultados:Os pacientes tinham idade média de 63,45±13,35 anos e 50% eram homens.Houve predominância de pacientes com sintomas depressivos mínimos (40,7%) e apetite reduzido, com risco de 5% de perda de peso nos últimos seis meses (69,8%). O escore total do MLHFQ (53,59±21,6) apontou para uma QV inadequada. Os fatores que se relacionaram à QV na regressão linear foram a dependência para quatro atividades básicas de vida diária (ABVD) (estimativa=15,4; IC 95%=0,23 a 30,64, p=0,046), ausência de risco de perda de peso (estimativa=-11.08, IC 95%=-20.5 a 1,62, p=0,022) e sintomas depressivos mínimos (estimativa=-20,0, IC 95%=-28.3 a -11.73, p<0,001). Conclusões: A pior QV está relacionada a maiores graus de dependência para ABVD, perda de apetite e sintomas depressivos em pacientes com IC hospitalizados. Esses resultados podem subsidiar intervenções multiprofissionais que visem cuidados integrais ao paciente no que diz respeito aos aspectos físicos e psicológicos, promovendo a melhora da QV.