Introdução: Os pacientes com Insuficiência Cardíaca (IC) podem apresentar um pior prognóstico e desfechos clínicos negativos quando acometidos por doenças agudas, como é o caso do COVID-19. Este estudo teve por objetivo identificar o perfil nutricional de pacientes com IC admitidos por COVID-19 e associar aos desfechos clínicos de mortalidade, tempo de intubação orotraqueal e tempo total de internação.
Método: Trata-se de um estudo do tipo coorte retrospectiva de análise de prontuários. Os dados coletados foram referentes aos meses de março a agosto de 2020 de todos os pacientes hospitalizados nas unidades de terapia intensiva de um hospital-escola na cidade de São Paulo com diagnóstico prévio de IC com confirmação de COVID-19 em relação ao perfil sociodemográfico e clínico, antropométrico e de triagem nutricional, dados laboratoriais de admissão até a alta da UTI/óbito. Foram considerados desfechos primários a mortalidade e o tempo até o óbito e secundários o tempo total de internação, tempo de ventilação mecânica, complicações durante a internação na UTI. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição (nº 4.949.168).
Resultados: Foram hospitalizados nos 6 meses da coleta 733 pacientes, sendo excluídos 529 pacientes resultando em uma amostra final de 23 pacientes. A maior parte dos pacientes (82,61%) apresentavam risco nutricional, o IMC médio da amostra de 26,47kg/m². Evoluíram ao óbito 11 pacientes (47,83%), o tempo médio até o desfecho (alta ou óbito da UTI) foi de 27 dias de internação, 12 pacientes (52,17%) foram submetidos a intubação orotraqueal com tempo médio de 17,6 dias de intubação orotraqueal. Dentre os pacientes que evoluíram à óbito, a média do IMC foi de 24,46kg/m², onde 5 estavam classificados em um IMC de eutrofia, 3 em IMC de desnutrição, 2 em sobrepeso e 1 em obesidade grau I. Dez apresentaram complicações clínicas durante a permanência nas unidades de terapia intensiva, como a ocorrência de infecção de corrente sanguínea, sepse de foco pulmonar, choque cardiogênico ou refratário ao uso de drogas vasoativas, hipercalemia, encefalopatia anóxica ou acidentes vasculares encefálicos.
Conclusões: Os pacientes com IC com COVID-19 na sua maioria apresentavam-se com risco nutricional, com alterações no IMC e evoluíram óbito com diversas complicações associadas a terapia intensiva. Esses achados preliminares já demonstram a importância do cuidado multiprofissional em pacientes com IC no que tange a prevenção de infecções agudas.