Introdução: O infarto agudo do miocárdio (IAM) é um evento cardiovascular que ocorre por redução abrupta do fluxo coronariano. No mundo, cerca de 7 milhões de pessoas são diagnosticadas com IAM anualmente, causando no Brasil aproximadamente 100 mil mortes por ano. Objetivo: Avaliação do perfil clínico e angiográfico de pacientes com diagnóstico de IAM com supradesnivelamento de ST submetidos à angioplastia primária em hospital terciário com hemodinâmica funcionante diariamente nos 7 dias da semana. Método: Estudo observacional descritivo envolvendo 293 pacientes consecutivos admitidos em hospital universitário no período de setembro-2016 a agosto-2020. Variáveis categóricas foram descritas em número absoluto e porcentagem e as numéricas em mediana e intervalo interquartil. Resultados: De um total de 293 pacientes submetidos a angioplastia primária, 70% foram do sexo masculino, idade mediana de 61 [48-70] anos, 53% autodeclarados brancos e 51,5% tabagistas. Comorbidades prévias associadas foram hipertensão arterial sistêmica 57%, diabetes mellitus 31%, dislipidemia 30%, obesidade 15%, infarto prévio 12%, história familiar de doença arterial coronariana prematura 8,5%, doença renal crônica 7,9%, acidente vascular encefálico 5%, angina prévia 5,5%, angioplastia prévia 4,4% e revascularização cirúrgica prévia 2%. Apresentação inicial foi dor torácica típica em 81,2%, atípica 13,3% e parada cardiorrespiratória 5,5%. Conforme classificação de Killip-Kimball na admissão hospitalar, a maioria não apresentava sinais de insuficiência cardíaca, em Killip I 79,6%, Killip II-III 11,9% e Killip IV 8,5%. IAM de parede anterior ocorreu em 135 (46%) pacientes, sendo a artéria “culpada” a descendente anterior 132 pacientes (45%), seguida da coronária direita 113 (38,5%), circunflexa 27 (9,2%) e 9 (3%) com lesão de tronco. O tempo mediano de porta-balão foi 103 minutos [80-118]. Foi mais utilizado stent convencional 43%, seguido de farmacológico com 37% e balonamento sem stent em 20%. Mortalidade hospitalar ocorreu em 20 (6,8%) pacientes, reinfarto em 5 (1,7%), acidente vascular encefálico isquêmico em 5 (1,7%), evolução para choque cardiogênico em 32 (10,9%) e fenômeno de no-reflow durante angioplastia em 14 (4,8%). Conclusão: Na experiência de angioplastia primária em pacientes com diagnóstico de IAM com supradesnivelamento de ST atendidos em hospital terciário, foi observado um perfil de elevado risco cardiovascular e com taxas relativamente altas de complicações durante a internação hospitalar, ressaltando o impacto dessa condição na assistência em saúde.