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Avaliação longitudinal de indivíduos portadores de obesidade metabolicamente saudável e preditores de sua transição para o dismetabolismo

Alvaro Martino Netto, Nea Miwa Kashiwagi, Carlos Andre Minanni, Raul D Santos, Fernando Cesena
Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein - São Paulo - SP - Brasil, HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN - - SP - BRASIL

Introdução: A obesidade metabolicamente saudável (ObMS) é considerada uma condição transitória, com tendência a deterioração metabólica ao longo do tempo. Aproximadamente metade dos indivíduos com ObMS passa a apresentar pelo menos uma alteração metabólica (dismetabolismo) no decorrer de 10 anos. Os objetivos deste estudo foram determinar a proporção de indivíduos com ObMS que evoluem com dismetabolismo ao longo do tempo e avaliar fatores preditivos desta evolução.

Métodos: Coorte retrospectiva envolvendo indivíduos inicialmente com índice de massa corpórea (IMC) ≥30 kg/m2 e idade ≥18 anos, com no mínimo duas consultas entre 2007 e 2020. Foram excluídos os indivíduos com doença aterosclerótica clinicamente relevante. ObMS foi considerada se todos os componentes da síndrome metabólica estivessem dentro da normalidade. Esteatose hepática (EH) foi avaliada por ultrassonografia. Modelos de regressão logística multivariada foram construídos, por técnica stepwise e eliminação reversa, para identificação de fatores preditivos de dismetabolismo em indivíduos inicialmente com ObMS. Na regressão foram incluídos fatores de risco cardiovascular tradicionais, atividade física, consumo de álcool, escore de risco de depressão, compreendendo a linha de base e a variação entre as consultas, bem como o tempo entre as avaliações.

Resultados: Foram avaliados 4.483 indivíduos predominantemente do sexo masculino (83%), com idade 43 ± 9 anos e IMC 31,8 (30,7 - 34,1) kg/m2. Dentre eles, 812 indivíduos (18%) apresentaram ObMS em suas primeiras consultas. O seguimento mediano foi de 3,0 (1,8 - 5,2) anos e verificou-se que 45,2% dos participantes inicialmente com ObMS passaram a apresentar dismetabolismo. Em relação aos que se mantiveram metabolicamente saudáveis, os que evoluíram para dismetabolismo, na linha de base, eram mais obesos (IMC 31,4 [30,5 - 33,3] vs 31,1 [30,4 - 32,6] kg/m2, p = 0,013), tinham maiores valores de cintura abdominal (106 ± 8 vs 103 ± 9 cm, p <0,001) e maior frequência de EH (60% vs 47%, p <0,001). A tabela mostra os fatores preditivos de evolução para dismetabolismo identificados na regressão multivariada.

Conclusões: A ObMS mostrou-se uma condição transitória em quase metade dos indivíduos avaliados em um curto período de seguimento. Índices de adiposidade ectópica, incluindo presença ou surgimento de EH, foram fortes e independentes preditores de evolução para dismetabolismo. Em seu conjunto, os dados apresentados poderão refinar o cuidado, permitindo um melhor planejamento de ações preventivas à saúde pública.

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