Contexto: Apesar dos grandes avanços na abordagem de pacientes em ambulatórios de insuficiência cardíaca, a taxa de hospitalização e óbito pela doença ainda é elevada. Objetivo: O objetivo deste estudo foi identificar potenciais marcadores clínicos e ecocardiográficos associados a desfechos adversos em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção levemente ou reduzida acompanhados por 1 ano em um ambulatório multidisciplinar de insuficiência cardíaca. Métodos: Estudo de coorte prospectivo em pacientes consecutivos encaminhados ao ambulatório de insuficiência cardíaca de um hospital universitário. Todos os pacientes incluídos foram submetidos a avaliação clínica e multidisciplinar, ecocardiograma, prescrição não farmacológica e farmacológica e consulta médica frequente. A análise estatística foi realizada para avaliar quais fatores estavam associados a maior risco de hospitalização ou óbito no decorrer de um ano. Resultados: Foram incluídos 39 pacientes, com média de idade de 64 ± 14 anos, predominantemente em escala NYHA 2 ou 3 (75%) e fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 37 ± 12%. Seis pacientes (15%) foram hospitalizados e 4 destes morreram em um período de um ano. Os fatores associados ao desfecho adverso foram pressão arterial sistólica baixa (p=0.02) e redução da onda E’ mitral septal (p=0.04). A área sob a curva da pressão arterial sistólica e E' mitral septal para desfecho adverso foi, respectivamente, 0.82 [IC: 0.65-0.99; p=0.01] e 0.77 [IC 95%: 0.53-1.0; p=0.04]. Conclusão: A pressão arterial sistólica baixa e a disfunção diastólica foram associadas a um desfecho desfavorável no decurso de 1 ano de pacientes com insuficiência cardíaca. A pressão arterial sistólica tem boa acurácia para prever hospitalização ou óbito pacientes encaminhados a ambulatórios de insuficiência cardíaca.
TABELAS E GRÁFICOS
Tabela 1: Comparação de pacientes com IC com e sem desfechos primários ao longo de 1 ano de acompanhamento:
Figura 1. Curva ROC: Área sob a Curva (AUC) 0.82 [CI: 0.65-0.99; p=0.01], sensibilidade (83%) e especificidade (61%), determinando um ponto de corte ideal da PAS < 110 mmHg para desfecho desfavorável no decurso de 1 ano em pacientes com IC.
Figura 2. Curva ROC: Área sob a Curva (AUC) 0.77 [CI: 0.53-1.00; p=0.04], sensibilidade (67%) e especificidade (87%), determinando um ponto de corte E' Mitral ideal < 4 cm/s para desfecho desfavorável no decurso de 1 ano em pacientes com IC.