Introdução: A prática de exercício físico aumenta o colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL-C) e reduz os triglicérides (TG) plasmáticos, efeito fundamental contra o desenvolvimento da aterosclerose. Entretanto, a determinação do HDL-C representa parcialmente o potencial anti-aterosclerótico da HDL, sendo fundamental a análise de parâmetros do metabolismo e da função da HDL, como as transferências de colesterol para a HDL e as subfrações de HDL. O papel do exercício físico em jovens está bem esclarecido, não tendo sido bem elucidado ainda seu papel em idosos. O objetivo foi investigar os efeitos da prática regular de exercício físico nas transferências de colesterol para a HDL e na distribuição das subclasses de HDL em idosos.
Métodos: Estudo transversal, com 111 indivíduos saudáveis divididos em quatro grupos pareados pelo sexo: idoso ativo (IA, n=25), idoso inativo (II, n=21), jovem ativo (JA, n=40) e jovem inativo (JI, n=25). Realizou-se o teste ergométrico em esteira para identificação do consumo de oxigênio de pico (VO2pico). As subfrações de HDL foram determinadas pelo sistema Lipoprint. As transferências de colesterol livre (CL) e de colesterol esterificado (CE) para a HDL foram feitas pela incubação do plasma com uma nanopartícula lipídica doadora de CL e CE radioativos. Após a precipitação química foi feita a contagem do radioativo.
Resultados: O VO2pico foi maior nos grupos que praticavam exercício físico em comparação com os inativos, confirmando a regularidade da prática física. HDL-C estava maior nos IA e JA em comparação aos II e JI; apo A-I estava maior nos JA em comparação aos JI, entretanto, sem diferença entre IA e II. As transferências de CL estavam maiores nos IA e JA do que nos II e nos JI, contudo as transferências de CE estavam maiores apenas nos JA quando comparados com JI, não tendo sido observadas diferenças entre IA e II. As subfrações de HDL grandes estavam maiores nos JA do que nos JI, e iguais entre os idosos. As subfrações intermediárias estavam maiores nos IA em relação aos II. Na comparação entre IA e JA, não houve diferenças nas transferências de CL e CE, assim como na distribuição das subfrações de HDL.
Conclusão: O exercício físico melhora parâmetros do metabolismo e função da HDL não apenas em jovens, como também em idosos, apesar do VO2pico mais baixo nos idosos. Não houve diferenças entre as transferências de colesterol para a HDL e a distribuição das subfrações de HDL entre os IA e JA, o que confirma a efetividade do exercício físico em melhorar as propriedades anti-ateroscleróticas da HDL nos idosos.