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Tratamento com inibidor de checkpoint imunológico e doença arterial coronária: um problema clínico emergente

Natália Aarão , Marina Sahade Gonçalves, Mateus Correa da Trindade, Fábio Sândoli de Brito Jr., Antonio Fernando Diniz Freire, Patrícia Gonçalves Guimarães, Luana Alencar Fernandes Sampaio, Nildevande Firmino Lima Júnior, Marcello Moro Queiroz, Gabriella Fernandes Soares
HOSPITAL SIRIO LIBANÊS - - - BRASIL

Introdução: A imunoterapia foi uma grande revolução no tratamento oncológico na última decada, sobretudo para o melanoma. O uso dos inibidores de checkpoint imunológico (ICI), entre eles os inibidores de proteína de morte programada-1 (anti-PD1), trouxe grandes incrementos em sobrevida, representando uma mudança de paradigma, entretanto o manejo dos efeitos colaterais imunomediados ainda é um desafio para a equipe multidisciplinar.
Metodologia: Relato de caso clinico e confrontamento dos dados com a literatura atual.
Relato do caso: Paciente masculino, 76 anos, com antecedente de hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, diabetes e doença arterial coronária, diagnosticado com melanoma acral em calcâneo (T4bN2aM1). Iniciou Nivolumabe como primeira linha de tratamento sistêmico, mas antes do início foi submetido a angioplastia coronária  (DA – 2 stents e Mg -1 stent). Após a primeira infusão de Nivolumabe evoluiu com ptose palpebral e quadro sugestivo de síndrome miastênica imunomediada. Internado para investigação e tratamento, recebeu pulsoterapia com piora dos sintomas, sendo optado por imunoglobulina, porém durante a primeira infusão, apresentou parada cardiorrespiratória em ritmo de taquicardia ventricular, revertida após 17 minutos sem sequelas neurológicas. Cineangiocoronariografia evidenciou stents pérvios e  importante progressão da doença arterial coronariana em comparação ao exame de 6 semanas antes, sendo submetido a nova angioplastia (DA – 2 stents, CD – 1stent e balão na Dg e VP). Ressonância cardíaca evidenciou função biventricular preservada e realce tardio epicárdico anterolateral basal, sugestivo de processo inflamatório prévio, podendo representar cardiomiopatia inflamatória prévia (miocardite) ou mesmo cardiotoxicidade. Dados da literatura demonstram que os ICI induzem aumento de células T CD8+ na placa aterosclerótica, levando a uma mudança de predominância de macrófagos para linfócitos nas placas ateroscleróticas , e como consequência, as células T ativadas favorecem a produção de citocinas pró-aterogênicas, contribuindo para o crescimento e a desestabilização da placa aterosclerótica. Conclusão: O aumento crescente da aplicabilidade dos ICI no cenário oncológico torna de extrema importância o entendimento da toxicidade relacionada a tais medicações. O perfil de efeitos colaterais imunomediados podem afetar diretamente o sistema cardiovascular, culminando no aumento de morbimortalidade em pacientes previamente frágeis devido ao diagnóstico oncológico e demonstrando a importância da vigilância ativa desses pacientes.

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16 à 18 de junho de 2022