INTRODUÇÃO
Complicações pulmonares foram observadas após a infecção por COVID-19. Comprometendo de forma duradoura e persistente a função pulmonar e a capacidade de exercício nos recuperados. Nesse contexto ganha importância o teste cardiopulmonar (TCP).
RELATO DE CASO
PFF, 40 anos, com história de febre, anosmia e dispneia há 6 dias, diagnostico de COVID-19. Após 72h da admissão evoluiu com insuficiência respiratória aguda, seguido de intubação orotraqueal. Angiotomografia de Tórax: comprometimento pulmonar difuso e bilateral de 80%, opacidades em vidro fosco e consolidação. Paciente recebeu Antibioticoterapia, corticoterapia e enoxaparina. Extubado após 9 dias de IOT. Alta hospitalar sem oxigenioterapia, mantendo dispneia aos pequenos esforços. Avaliação da função cardiorrespiratória 43 dias após a alta: Espirometria: CVF 3,49 (79% do previsto (PRE)), VEF1 3,18 (93% PRE), VEF1/CVF 100 (122% PRE), sugerindo a presença de distúrbio ventilatório restritivo por provável aumento de recolhimento elástico. TCP: esforço máx. (RER de 1,13), consumo máx. de oxigênio (VO2 máx) de 30 ml/min/kg, estando discretamente reduzido (79% PRE). Achados adicionais, queda de saturação aos esforços, atingindo valores de 83% (repouso de 95%) e aumento da resposta ventilatória (VE/VCO2 slope) de 32. Não foram observados esgotamento de reserva ventilatória ou sinais de aprisionamento aéreo dinâmico ou de limitação ao fluxo expiratório. O limiar anaeróbio foi alcançado com 39% do VO2 máx. PRE. O ponto de compensação respiratório foi alcançado com 70% do VO2 máx. PRE. Um ano após sintomas, novo teste Cardiopulmonar: Espirometria: Ausência de distúrbios ventilatórios. TCP: esforço máx. (RER de 1,17), consumo máx. de oxigênio (VO2 máx.) de 35,1 ml/min/kg, estando dentro dos valores de normalidade (84% PRE). Não houve queda da saturação, (VE/VCO2 slope) de 26,1. O limiar anaeróbio foi alcançado com 47% do VO2 máx. PRE. O ponto de compensação respiratório foi alcançado com 85% do VO2 máx. PRE.
DISCUSSÃO
No caso relatado, o TCP evidenciou distúrbio de troca ventilatória por provável dano inflamatório da membrana alveolocapilar, pós-infecção por SARS-COV2. Alterações no TCP, como o VO2 máx. reduzido, VE/VCO2 slope aumentado e dessaturação importante no pico do esforço demonstram comprometimento da função pulmonar em exame com 72 dias pós sintomas, porém, melhora de todos parâmetros em exame realizado um ano após. Podemos concluir que o TCP deve ser considerado no acompanhamento pós alta dos casos graves de COVID para fins prognósticos e no processo de reabilitação destes.