Introdução: As taxas de atendimento por dor torácica são elevadas na emergência, chegando a 10% do total de atendimentos. O correto diagnóstico de Síndrome Coronariana Aguda (SCA) ou outras doenças graves, de forma rápida e assertiva, garante agilidade no atendimento de pacientes graves e segurança para aqueles liberados. Para isso, protocolos de dor torácica são fundamentais.
Objetivos: Avaliar as características de pacientes atendidos sob um protocolo de dor torácica em uma unidade de emergência geral e os eventos entre aqueles admitidos e liberados.
Métodos: Avaliamos pacientes com dor torácica na emergência geral de um hospital privado de Florianópolis/SC, na experiência inicial de aplicação de um protocolo de dor torácica entre julho e dezembro de 2021. Analisamos características clínicas, qualidade do atendimento e ocorrência de eventos entre os pacientes admitidos ou liberados pelo protocolo.
Resultados: Foram abertos 154 protocolos de dor torácica, dois pacientes não tinham dados adequados e foram excluídos. Dos 152 pacientes incluídos, a idade média foi de 52,1(±18) anos, 54% eram do sexo feminino e as comorbidades mais prevalentes foram: hipertensão (53%), diabetes mellitus (16%) e obesidade (19%). Depressão e/ou ansiedade estavam presentes em 16% dos pacientes, 10% tinham dislipidemia e 11% infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio. O eletrocardiograma (ECG) foi realizado em média de 5,7 min. e o tempo médio de permanência na emergência geral foi 203 min, dentro do tempo preconizado pelo protocolo de tempo porta-ECG <10min e tempo na emergência geral <4h. Apenas 11 (7%) pacientes se apresentaram com dor torácica considerada típica (tipo A). O ECG estava alterado em 40 (26%) pacientes, com 10 (6,6%) apresentando supradesnivelamento do segmento ST. Troponina foi solicitada para 110 (72,3%) pacientes, sendo em média 0,9 coletas por paciente, máximo de 4 coletas. O escore HEART médio foi de 2,6 (±2) e o escore GRACE 67,7 (±35), o que denota uma população de baixo risco. 26 (17%) pacientes foram internados devido ao protocolo, 24 (15,7%) por SCA e 2 por causas não cardíacas. 3 (1,9%) pacientes morreram durante os primeiros 30 dias de segmento, todos relacionados a complicações de IAM. Nenhum paciente liberado apresentou evento nos primeiros 30 dias de seguimento.
Conclusão: Nos primeiros meses de utilização de um protocolo de dor torácica em uma emergência geral, identificou-se população de baixo risco pelos escores, porém com altas taxas de admissão devido à SCA e nenhum evento entre os pacientes liberados, o que demonstra a eficácia do protocolo.