Introdução: Os tumores cardíacos consistem em patologias raras que podem ser classificadas em primárias, onde os locais de origem geralmente são o miocárdio ou o endocárdio, e secundárias, onde a origem do tumor não é cardíaca ocorrendo metástase para o tecido cardíaco. Dentre os tumores cardíacos primários, o mais comum é o mixoma. Sua localização mais habitual é o átrio esquerdo e apresenta pelo menos um dos componentes da tríade: manifestações constitucionais, embólicas ou obstrutivas.
Relato de caso: JBN, sexo feminino, 46 anos, foi admitida na UTI apresentando quadro de hemiplegia à esquerda. Em histórico colhido, não apresentava nenhum antecedente patológico, tampouco fazia uso de medicações. No entanto, nas últimas 2 semanas havia se queixado de palpitações episódicas, com breve duração. Além do que, nos últimos meses, queixava-se frequentemente de fadiga e dispneia aos moderados esforços. Ritmo cardíaco irregular, em 2 tempos, sopro sistólico em foco mitral, com irradiação para região axilar esquerda. ECG realizado mostrava fibrilação atrial de alta resposta ventricular e ausência de sinais de sobrecarga ventricular ou isquemia aguda. Ecocardiograma transtorácico à beira leito apresentou aumento importante do átrio esquerdo. No interior do átrio esquerdo, evidenciou-se estrutura ecogênica, de formato oval aderida ao septo interatrial, medindo 75mm no seu maior eixo, gerando insuficiência mitral de grau moderado. Tomografia de crânio realizada após 72 horas do ictus demonstrou alterações compatíveis com injúria isquêmica aguda, em região da cápsula interna à direita. Realizada exérese de tumor de átrio esquerdo que confirmou ser mixoma no laudo anatomopatológico.
Discussão: Tumores primários do coração são raros, no entanto, o mixoma tem sua prevalência mais comum entre os demais tumores. Geralmente esse tipo de tumor afeta mais o átrio esquerdo com proximidade do forame oval. As mulheres são mais afetadas. O pico de incidência gira em torno da quarta e da sexta década de vida.
Conclusão: Mesmo que tumores cardíacos sejam relativamente raros, é recomendável o seu rastreio entre os pacientes que sofrem de insuficiência cardíaca apresentando sintomas não específicos. O melhor exame para diagnóstico é o ecocardiograma. A investigação deve ser extensiva a fim de evitar desfechos fatais causados pela insuficiência cardíaca grave resultante do crescimento neoplásico.