Introdução:
No cenário da síndrome coronariana aguda, a liberação de marcadores inflamatórios e de marcadores de lesão miocárdica após a intervenção coronária percutânea esta associada a um prognóstico desfavorável. No entanto, pouco se sabe sobre a associação desses marcadores em pacientes estáveis. Nosso objetivo foi descrever a associação entre resposta inflamatória sistêmica e lesão miocárdica após intervenção coronária percutânea (ICP) em pacientes com doença coronária estável (DCE).
Métodos:
Neste estudo observacional retrospectivo, amostras de sangue foram coletadas antes e 48 horas após ICP bem-sucedida em 329 pacientes com DCE. Foram dosados os seguintes marcadores inflamatórios: proteína-C reativa (PCR), leucócitos e subtipos, plaquetas, volume plaquetário médio (VPM), relação neutrófilo-linfócito (RNL) e relação plaqueta-linfócito (RPL). A troponina I cardíaca de alta sensibilidade foi medida apenas após a ICP. A lesão miocárdica relacionada ao procedimento foi definida arbitrariamente como aumento dos valores de troponina sem alterações em demais exames complementares que configurassem infarto periprocedimento. O teste de Spearman foi realizado para avaliar a correlação entre os marcadores inflamatórios e a troponina.
Resultados:
Os 329 pacientes incluídos tinham média de 65,3±11,7 anos, com 67% homens. 66,7% dos pacientes apresentaram lesão miocárdica. A PCI produziu uma resposta inflamatória sistêmica com aumento dos níveis dos marcadores dosados. Essa elevação teve correlação positiva com o aumento da troponina para diversos marcadores, conforme mostrado na figura.
Conclusão:
Assim, a ICP em pacientes com DCE induz uma reação inflamatória sistêmica, que está associada à carga de lesão miocárdica periprocedimento. Nosso estudo levanta a hipótese de que o grau de resposta inflamatória à ICP, avaliado pelas alterações dos biomarcadores inflamatórios, pode participar dos mecanismos implicados na reestenose e trombose intra-stent nesse conjunto de pacientes.