FUNDAMENTOS: Pacientes submetidos ao implante transcateter da válvula aórtica (TAVI), geralmente apresentam-se frágeis, com múltiplas comorbidades e alto ou intermediário risco de mortalidade perioperatória. A pressão inspiratória máxima (PImáx) é um índice de força da musculatura inspiratória e consiste em um componente importante no processo de reabilitação após cirurgias cardíacas. Ademais, os estudos têm demonstrado redução da capacidade funcional (CF) nessa população. Assim, o objetivo deste foi avaliar e correlacionar força muscular inspiratória e capacidade funcional em pacientes submetidos ao TAVI.
MÉTODOS: Os pacientes foram avaliados durante internação na fase pré-operatória (momento 1), pós-operatória (momento 2) e na alta hospitalar (momento 3). As medidas de força muscular respiratória aconteceram por meio da manovacuometria de forma digital e a avaliação da CF por meio da distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (TC6). As variáveis PImáx e distância percorrida foram utilizadas na análise estatística. Adotou-se a correlação de Spearman, com significância em 5%. Estudo em consonância com a Resolução 466/2012 e aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa.
RESULTADOS: Incluídos no estudo 39 pacientes (79,28±5,55 anos, 20 do sexo masculino, índice de massa corporal 26,70±4,73 kg/m2). Euroscore II 4,86±3,28, STS mortalidade 5,46±3,81. Classificação funcional NYHA III 46,15% (18), NYHA II 38,46% (15). A média de tempo de internação na UTI foi de 1,85±1,37 dias e enfermaria de 3,2±2,14 dias. Os valores de PImáx (mmHg) / distância percorrida (m) encontrados foram de 50.62±22.19, 45.33±20.47 e 45.62±15.69 mmHg / 240.55±89.36, 192.26±82.54 e 223.11±111.08 m, respectivamente nos momentos 1, 2 e 3. O valor de PImáx do pré-operatório apresentou correlação linear positiva com a distância percorrida no TC6 no pós-operatório (r= 0.815; p= 0,0003) e na alta hospitalar (r= 0.745; p= 0,0022).
CONCLUSÃO: Os resultados conferem forte correlação positiva entre força muscular inspiratória e capacidade funcional, demonstrando que quanto maior a força da musculatura inspiratória no pré-operatório, maior a distância percorrida no TC6. Assim, indivíduos previamente treinados podem se beneficiar de menor chance de perda funcional durante a hospitalização, corroborando a necessidade e importância de um protocolo pré-operatório.