INTRODUÇÃO: O protocolo BAVT (PBAVT) é um programa de assistência a pacientes com bradiarritmias malignas (BrMg) na rede de urgências de Salvador, instituído em 08/10/2018 pelo serviço pré-hospitalar. Até então, 100% dos casos dependiam de regulação convencional para transferência a centro de referência (CR) para avaliar implante de marcapasso definitivo (MPD), alargando o tempo de espera de casos graves na rede. Após sua implantação, foi observada queda de acionamentos, refletindo subutilização do programa e do seu potencial de resolutividade. Associou-se isto à rotatividade de profissionais e ao desconhecimento destes acerca do programa. Foram instituídas ações educativas semestrais desde 2020, a fim de incentivar o seu uso. É objetivo do trabalho descrever o fluxo de atendimento ao longo dos anos, considerando a relevância das intervenções educativas.
MÉTODOS: Estudo transversal, descritivo a partir dos atendimentos do PBAVT de 08/10/2018 a 31/12/2021. Foram consideradas BrMg: BAVT, BAV avançado, BAV Mobitz II, BAV 2:1. Observou-se perfil epidemiológico, características do atendimento, tempo para implante do dispositivo, óbitos e seu local de ocorrência.
RESULTADOS: Foram atendidos 615 pacientes no período, sendo maioria do sexo feminino (56,1%), idade média 73,2 (+11 anos); 71,5% (440) apresentaram BrMg; demais doença do nó sinusal, fibrilação atrial e bloqueios atrioventriculares de baixo grau. Doença de Chagas foi autorreferida em apenas 74 casos (12,0%). Os sintomas mais frequentes foram dispneia (206; 33,5%) e tontura (196; 31,9%). Transferidos 251 pacientes para CR pelo PBAVT (57,0% das BrMg), em que 204 implantaram MPD (81,2% dos transferidos). Foram registrados 50 óbitos (8,1%), maioria ocorridos antes de chegarem a CR. O número de atendimentos, transferidos e submetidos a implante de MPD por ano pode ser observado na figura abaixo.
CONCLUSÕES: O PBAVT otimizou a assistência de aproximadamente 60% dos casos. Configura-se como importante facilitador para regulação e implante de MPD, reduzindo o colapso da rede de urgência. As ações educativas parecem ter sido efetivas considerando o aumento do número de casos atendidos pelo PBAVT de 2020 a 2021, devendo ocorrer de forma sistemática para potencializar o resultado deste programa.