Introdução: Complicações cardiovasculares das terapias antineoplásicas estão surgindo como um grande problema de saúde pública, considerando que a taxa de sobrevivência ao câncer vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. A cardiotoxicidade decorrente da ação de quimioterápicos, como a Doxorrubicina (doxo), é uma condição grave, podendo evoluir para cardiomiopatia crônica, insuficiência cardíaca congestiva e morte do paciente. Estudos com foco na sinalização ativada por terapias antineoplásicas vêm demonstrando a importância da proteína quinase de adesão focal (FAK) para a sobrevivência e resistência celular frente a esse tratamento, no entanto, essa sinalização permanece pouco compreendida. O presente trabalho visou caracterizar os efeitos do tratamento com o quimioterápico doxo na redistribuição subcelular da FAK em miócitos cardíacos H9C2. Além disso, foi investigado a interação entre FAK e as proteínas relacionadas à resposta ao dano no DNA (DDR) após o tratamento com doxo, como a DDX5, XRCC5 e DNAPK as quais foram previamente identificadas em experimentos de co-imunoprecipitação da FAK.
Metodologia/Análise Estatística: Foi realizado o cultivo dos cardiomioblastos ventriculares (n=80 células), o tratamento com doxorrubicina, a imunomarcação das proteínas com posterior análise pela Microscopia de Super Resolução. Por fim, os dados estatísticos foram realizados pela distribuição T de Student e o efeito comparativo entre grupos controles e tratados com o quimioterápico foram detalhados pelo programa ImageJ.
Resultados: Dentre os principais achados, verificou-se que ocorre um acúmulo de FAK ativada no núcleo e a aproximação entre esse quinase com as proteínas da DDR durante o estresse genotóxico pela doxo, indicativo de ação mútua para manutenção da viabilidade celular. Além disso o estresse de doxo não provocou ganho significativo de intensidade de fluorescência de DDX5, mas sim uma redistribuição subnuclear acompanhado por FAK. Já XRCC5 e DNA-PK aumentaram suas intensidades nas células tratadas com o quimioterápico, com concomitante aproximação de FAK.
Conclusão: Os achados deste projeto contribuíram para o entendimento dos mecanismos pelos quais FAK promove sobrevivência celular frente ao tratamento com doxo e, além disso, poderão contribuir para o estabelecimento de novas modalidades terapêuticas para o tratamento tumoral com amenização dos efeitos deletérios sobre a função cardíaca do paciente.